Sentados frente a frente. Um espelho de dupla face interpõe-se. qual reflecte qual? imóveis. olhar fixo. para além… de quê? olhar suspenso. quase hipnótico. murmurando em ecos sucessivos. por vezes parece que há um gesto, uma mão que se estende, ficando suspensa no ar… um sorriso que trespassa… como se aquele vidro fosse de matéria transparente… na opacidade de um sentir comum que se julga diferente mas não será tanto assim (pois não?)… a escolha de cada uma daquelas cadeiras foi casual, acidental.
e o olhar, o gesto, o murmúrio, o sorriso? e o espelho?
De uma janela, por vezes entram raios de sol, por vezes escorrem gotas de água, densas ou leves, iluminando ou obscurecendo. daquela sala vazia, só com duas cadeiras e um espelho, nem um nem outro querem partir… nem querem ficar… imóveis… se, pelo menos, o murmúrio se tornasse voz?... ou o espelho se quebrasse por prestidigitação? se se estilhaçasse por encanto?
desejo ou medo do encanto se quebrar. desejo ou medo do encanto se intensificar.
pela sala ressoa um claro clamor
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