quinta-feira, 5 de fevereiro de 2004
noite
1h00. A minha rua tem as luzes apagadas. Desde há 3 noites. Ainda não tinha reparado bem. Esta noite… tinha de ser… vim à varanda… não sei porquê… talvez por ter visto, horas antes, a lua cheia, ou quase. Já não a vejo daqui… os andares mais altos ocultam-na. Sei que está lá. Sinto-a. Vejo o seu halo. Algum reflexo no rio. Na escuridão as coisas são diferentes. O vulto das árvores, esguio, negro, despidas. Os ruídos intensificam-se… mas queria o silêncio do mar… de água… só tenho o rio pontuado pelas luzes da ponte, enquadrado pelas luzes das cidades, de cá e de lá. O escuro tão claro. As luzes siderais no azul nocturno. Indecisão… permaneço um pouco mais… volto para dentro… uma luz intensa… à esquerda. Viro-me tentando entender… suspendo a respiração… foi… apagou-se. Ainda o vi… mas vê-lo aqui?... tão nítido?... foi um fugaz meteorito brilhante.
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