segunda-feira, 28 de junho de 2004

águas primeiras


Como se a ventania fosse serenidade, e o prateado reflexo das águas, corpos esculturais acobreados. O tempo dos ventos que leva numa vontade incerta, a matéria suave a moldar. Nem o marulhar da crescente maré apagaria a tranquilidade deste encontro em plácido entardecer. Existiu? sendo esta, imagem invisível, torna-se em sentir, momento encantador, presença incessante detida não sob, mas sobre densas pedras.

sábado, 26 de junho de 2004

meio ano

Há seis meses... já!... iniciava este lugar, numa noite de natal. O nome depois de algumas meditações e nenhuma conclusão, surgiu no próprio momento em que abria pela primeira vez, o blogger. Era para ser só Efémero, já estava ocupado. De repente, a ideia Lugar Efémero, porque seria um lugar - site -, mas um sítio especial, habitado. vi curiosa e recentemente no dicionário:
“Lugar, espaço ocupado por um corpo.”
Este é um espaço sem dúvida. Espaço tão ou mais real para mim, do que muitos outros. mas não um espaço vazio. Um espaço ocupado por corpos, corpos com e sem matéria visível.
Efémero. Porque se a nossa navegação por estes outros mundos já é tão breve, esta daqui com a sua imediatez, com o seu ‘consumo’ por vezes célere demais, torna-a ainda menos perene.
E além disso, em termos temporais, nunca predefini um limite. Podia ter acabado nesse mesmo dia. E desde então foi o escrever dia a dia, sem fazer a mínima ideia do que se escreverá nesse mesmo dia, e muito menos no dia a seguir – se é que se escreverá mais…
E nestes seis meses, a descoberta de muitas coisas… importantes… o gostar de escrever, de um modo mais rigoroso e claro, e também criativo, as pessoas com que me cruzei, os laços, por vezes quase invisíveis, mas sentidos, que se estabelecem. ‘Umbiguisticamente’, uma memória que perdura de forma mais perene de mim, em mim… lembrar o dia que se escreveu aquilo por esta ou aquela razão… há uma memória de nós próprios que permanece, em que o passar dos dias efémeros fica registado, qual diário, para mais tarde recordarmos estes nós destes hojes sucessivos. É isto importante? não sei. Sei que é bom lembrar os momentos bons… e estes aqui, frente ao ecrã tem-no sido. Comigo. Convosco. Obrigada.
[este post está com um dia de atraso, mas é o que se pode arranjar dado os inúmeros afazeres]

sexta-feira, 25 de junho de 2004

nós e o euro

Ontem inesperadamente encontro-me na rua com os 'manifestantes' das vitórias do euro2004. Tanta energia! - desperdiçada? - Sem querer ser desmancha-prezeres, até porque gostei que ganhássemos, não há dúvida que qualquer pretexto - e o do futebol é rei -, é bom para nos alienarmos alegremente... ou empenharmo-nos em empreendimentos exteriores a nós próprios, à nossa vida 'real'...

desabafo 2

O trânsito continua caótico. Quando é que vão/vamos todos de férias? (para apanharmos mais uns engarrafamentozinhos no algarve)

desabafo

Como dizer, de um modo educado e sem ferir susceptibilidades, a pessoas solícitas e simpáticas, mas extremamente faladoras, Calem-se, posso trabalhar sossegada??
Porque é que as pessoas precisam de estar sempre a falar (ou a fazer blábláblá)?

quarta-feira, 23 de junho de 2004

teus dedos





vejo no olhar de uma fotografia antiga, sonhos. olhos translúcidos. a seriedade de quem utopicamente quis mudar alguma coisa, oferecendo-se de corpo e alma… inteiro. em silêncio. ou apenas quis cumprir-se pela dádiva, numa luta com moinhos de ventos ou moinhos de asas. hoje, mesmo em olhos fatigados, permanecem laivos de ternura, ampliada em gestos simples. de carinho com mãos grandes, generosas. alguém que sonha poder dar um pouco de felicidade, nem que seja através do respeito ausência, da compreensão silente. singularidade frágil.

terça-feira, 22 de junho de 2004

Uma aula...

poderia ser apenas tempo de balanço. mas esta aula foi bem mais do que isso. o culminar de um aprender a ver, não somente a olhar. ver desmontado o que está por detrás de um acto criativo. e desta forma se espande o horizonte... sabor a pleno.

estes dias

desperto ou adormeço cheia de ideias, como se o sono e o sonhos fossem gérmen de vida e a vigília um progressivo cansaço – assim que me lembro, logo esqueço, como flutuando num oceano de ideias esvoaçantes; retenho aqui e ali algumas, importantes para a vida académico-profissional, a maioria voga (as ‘boas’ ideias para o blog como que se evaporam, se demoro um pouco mais a pegar no papel). parece um esgotar direccionado de neurónios. preciso de férias, mas só as terei, das autênticas, em finais de Outubro. até lá, o que me sustenta, julgo, serão as sensações de olhares espantados, as breves e intensas emoções que constroem, a motivação de gostar de fazer as minhas mil e uma coisas – interpoladas pelas complicações e dificuldades da vida de outros, também parte da minha, situações que existem já ou sei que virão dentro em pouco… não há-de ser nada…
Não esquecer: um novo suporte para pintar… reciclando desperdícios existentes. como é que eu ainda não tinha pensado nisso?! será que vai resultar?

segunda-feira, 21 de junho de 2004

peguei na tua mão
- como teu corpo -
e entre beijos
desabrochou
corola

domingo, 20 de junho de 2004

búzio


que bom sorrir e oferecer esse sorriso como miosótis azuis. quando a ternura invade os labirintos julgados cercados. que bom falar quando as palavras despontam de um cerne segredo inconcebível. como se as palavras só se tornassem palavras no exacto momento em que o sentir as torna formas. que bom prolongar um gesto e tocar num olhar. íman da raiz do sol. adormeço no regaço de um búzio.

sexta-feira, 18 de junho de 2004

vaga de afectos


e sobre um mar plácido emergem flores de ternura, transparências delicadas, de puras cores, como num quadro nabi. sons azuis, gestos laranjas, âmagos escarlates, respirações esvoaçantes, dança comunhão de alegrias, olhares de afectuoso cuidado.

quinta-feira, 17 de junho de 2004

acordar

um fio de água percorreu-lhe uma parte do tronco, como se fosse a carícia de um só dedo. leve, tímido, hesitante. talvez fosse isso que a acordasse. algumas das gotas que envolviam o seu corpo uniram-se formando aquele riacho digital desejado. acordou alagada no seu próprio suor, mas pelo menos a febre tinha baixado. sentia-se mesmo quase fresca, apesar do corpo molhado, dos lençóis húmidos. deixou-se estar deitada mais um pouco, auscultando o seu corpo. corpo moído de estar tanto tempo deitada, corpo dorido das dores, corpo dorido do colchão, corpo dorido do cansaço de estar meia viva. era assim que se sentia. meia viva. sentia o raciocínio embotado do sono provocado pela febre, dos medicamentos. como detestava esta sensação de não conseguir estar desperta para o mundo, de não poder olhar. de não poder fazer. do sentir, uma leve sensação semi-onírica, que ainda lhe parecia mais irreal pelo carinho com que a mimavam. rolou o corpo para a outra metade da cama, mais seca. ainda assim não encontrou uma posição confortável. levantou-se devagar. foi até à janela ainda fechada. abriu-a para receber o sol. semicerrou os olhos por tanta luminosidade. como tinha saudades do sol, de o receber no rosto. do seu calor, do sol forte e quente que já sentiu na pele, como um afago, como desejo, como abraço. do sol que a modela em água e luz. sorriu e inspirou uma centelha de vida.

terça-feira, 15 de junho de 2004

matinal


Sigo as aves sem nome
em voos de brandas manhãs


Das sombras
perdem-se cinzas ardidas
sobre as areias juvenis

domingo, 13 de junho de 2004

dias de voto

Há 29 anos fomos todos votar… mesmo quem era de palmo e meio, como eu… mas lá fui, a 25 de Abril de 1975 (se não estou enganada) pela mão de meus pais. Era ainda o entusiasmo ingénuo, o acreditar que mudava qualquer coisa… e até mudou muito, bem vistas as coisas. Estava uma bicha (sim eu sei que agora se costuma dizer fila) que dava a volta ao edifício da escola primária. Era de manhã, claro, não fosse o ‘nosso’ voto fugir, ir-se embora por um qualquer destino imprevidente. Estávamos todos tranquilos, pacientemente à espera que chegasse a ‘nossa’ vez, mas ao mesmo tempo havia uma ansiedade no ar… (realmente o que as crianças vêem e sentem! e a memória, a estranha memória que vai ficando algures em nós, marcando-nos). Era para (quase) todos a primeira vez… a primeira vez verdadeira. – ia começar algo de novo -. para mim também. julgo que foi dessa também, a prima vez que vi um boletim de voto na ‘casinha’ onde se votava. meu pai mostrou-mo. Às vezes não encontramos palavras para descrever algumas situações, esta é uma delas. Simplificadamente, apenas que me lembro, tão bem. de tanto, desses momentos.
Bastantes anos depois, então fui eu. E dessa, a memória já não é tão visível. julgo que fui com a minha irmã – um ano mais velha, mas também ela pela primeira vez. mas recordo o traçar a cruz no quadrado. E desde então uma série delas. Só não cumpri o meu ‘dever cívico’ umas duas vezes, por ausência física do local de recenseamento.
Hoje mais uma vez. Hora de calor, depois de almoço, não almoçado. mesmo assim, muita afluência (na minha mesa de voto até às 14h. já tinham votado 19% dos inscritos, nada mau), e continuaram a chegar.
(quando já vinha para casa, tive um dos meus pensamentos absurdos: e se algumas das bandeiras que vimos por aí, fossem mesmo por Portugal, e não pelo futebol? – numa vontade de sermos realmente melhores)
Porque voto? porque sem acreditar, ainda continuo a crer. porque há coisas que não podemos renegar. porque fazemos tão pouco pelo nosso país, que isto seria/é o mínimo. sim, também por todos aqueles que não tiveram nem ainda têm voz (nem que seja este breve sussurrar, indício de vozes mais sonoras e livres). porque não votar é desistir, é desinteresse, é permitir que decidam por nós (sim, sei que já decidem, mas pelo menos sabem que estamos cá), é abdicar da possibilidade de sermos ainda mais interventivos.

sábado, 12 de junho de 2004

criador e criaturas §4





"Quando se cobre uma superfície de cores é preciso poder renovar o jogo indefinidamente, encontrar sem cessar novas combinações de formas e cores que respondam às exigências da emoção”






Pierre Bonnard

cit. por Mário Dionísio (1951), Encontros em Paris, Coimbra: Vértice


sexta-feira, 11 de junho de 2004

passeio no parque

Ontem, visita à feira do livro, no último dia. Acontecimento anual já ritualizado. Apenas duas vezes este ano. Há coisas de que necessitamos como constantes… coisas que vão ligando os anos que passam, que nos passam. A visita à feira é uma delas, não sendo bem uma ‘necessidade’, é algo mais da ordem de um certo prazer… o caminhar entre livros, ao ar livre, naquele espaço com a amplitude até ao rio… (só ontem reparei que o alto do parque fica quase ao mesmo nível do topo do Sheraton)… o verde… (este ano muito descuidado, a relva maltratada, cheia de ervas selvagens, sem flores a colori-la. não gostei). O agarrar em livros, desfolhear alguns, rever outros, alguns já comprados, outros que ficam sempre em suspenso: talvez para o ano o compre. O confronto e uma certa frustração de se saber não ter tempo para ler tudo, ou muito, do que se gostaria. E o trazer alguns para casa… ‘objectos’ especiais a que ficamos ligados, formas vivas que nos tornam mais inteiros… Um deles, a poesia do Torga, será oferecido dentro de dias a alguém com quem partilho, com demasiado silêncio, interesses e paixões, meu pai. Também aqui quis compartilhar um fragmento deste livro.

Confidencial

Não me perguntes, porque nada sei
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitado.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.


Miguel Torga, Poesia completa, Publ. D. Quixote

quinta-feira, 10 de junho de 2004

sentidos de vida…

uma vida só faz sentido quando plenamente vivida… o significado da morte, apesar da nossa busca milenar incessante, ainda não o alcançámos… talvez esteja apenas na própria vida…
talvez o sentido da vida esteja apenas ligado à própria vivência da vida. da própria, de cada um, de todos nós, humanidade.
não sei se todos sentem esse sentido de modo consciente, ‘trabalhado’. ser pessoa é difícil. requer demasiado esforço, empenhamento, confronto consigo mesmo. é algo vivenciado num decorrer diário, constante da própria vida. em conflitos parcialmente resolvidos, mas sempre em aberto, sempre questionados, de nós mesmos face a certos valores, a certas atitudes que nos tornam, ou não pessoas. – e é tão fácil alhearmo-nos de nós mesmos!
talvez haja, em vários pontos cruciais da vida, ou num apenas, um 'momento de verdade'. talvez por isso alguns desesperem no confronto com a sua própria morte - ou com a morte dos outros, espelho antecipado da sua -. talvez por isso outros sorriam, não por acabar essa existência finita e efémera, mas pela consciência de que a tornaram em si mesmos, porque em si mesma ela é (foi), uma vivência infinita e eterna.

segunda-feira, 7 de junho de 2004

lembro






o vento na mão. aberta.





habito hoje este lugar que não será o meu.
lágrima longa. quase rasgada. perdida. palavras mudas. ternos ecos em espaço infinito fechado. deslumbradas de luz. como_vidas. prometidas.

domingo, 6 de junho de 2004

um passo apenas…


há mais de dois anos uma exposição no centro de arte reina sofia… pinturas… desenhos… a tinta da china de Gao Xingjian… prémio nobel da literatura em 2000.

um passo de aproximação, na altura julgado com outro sentido… sem consciência de que um percurso se faz de passos insuspeitos que se interligam e que afinal não podiam deixar de ser feitos, no resgate de medos, na liberdade de se continuar a caminhar.

paisagens surreais inacreditavelmente reais quando nelas passeamos. e toda a irrealidade surge ao pensá-las, e simultaneamente tão mais compreensível. e quadros de manchas e riscos adquirem significados vivos e tonais.

um (re)canto de memória num sorriso só

sábado, 5 de junho de 2004





és meu

canto mais triste

lírio

sexta-feira, 4 de junho de 2004

absurdo…

Na última imagem que de ti vi
galgavas o parapeito da janela do telhado
sítio de cigarros e cumplicidades fraternas,
estavas nu, sabia-te corpo e esbelto e ágil
animal felino natural trapezista em barro inclinado.
Antes do absurdo terminar,
sim, todo este tempo sonhámos um absurdo possível,
absurdo refreado como a paixão negada,
antes de retomarem os ruídos do aspirador
de já intoleráveis vizinhos,
ainda pedi, imperceptível, senta-te no parapeito
sei que o disse e mais pensei
senta-te olha-me sê e o fim
tornou-se mais mudo do que o seu princípio.
Ias cortar um tronco de macieira com bagos de ameixas
escarlates, por nascer, crescido por dentro da casa
no quarto ao lado do quarto que era da saudade
acabada apenas porque já o tinha sido.
Tocámo-nos ao descobrir as minúsculas folhas
perguntando É? Será?
Descemos e voámos nas escadas antes de saltares
para cuidar de um tronco que não saía de uma casa
que o acolhia completo vegetal de verde nascente.
Tinhas mirado os pincéis, godés, tubos usados retorcidos
expostos no caos disperso, agarraste numa das quatro paletas
teimámos e levaste-a contigo tentando arrancar a tinta
que era já a sua superfície.
Lá em baixo, ouvíamos uma amiga e sem querer
querendo-o há tanto, recuei e sem te abraçar
abraçaste-me com a gentil força que desconheço
eternidade de segundos, caminhados depois, sentidos
separados percorrendo as escadas da mansarda
de paleta pintura nas mãos, de seda chinesa cobrindo-te
a pele sedosa pressentida olhada sem ver. Deixaste-a tombar.
E ousei perguntar tenho umas calças brancas de linho
quase o disse envergonhada pela vergonha que não nos existia.
E distanciando-te no corredor do quarto, subindo ao banco
de madeira embutido na parede velha, agarraste-te às telhas
e eu agarrei-me ao corpo de mim que batia acelerado.
Olhava-te sem te ver pedindo-te muda
para neste absurdo seres tu a ver-nos.

quinta-feira, 3 de junho de 2004

para que serve o Amor?

Amor
ou estratégia de preservação da espécie, na linha de “O gene egoísta” (de Richards Dawkins)? Não bastaria para isso o desejo físico ou o cio?
ou mecanismo ‘sofisticado’, interiorizado culturalmente, ‘sublimado’, de sobrevivência (individual e colectiva) numa sociedade cada vez mais individualizada?
ou necessidade interior de partilha, de mitigação de um sentimento de solidão intrínseco ao ser humano?
ou desejo de Imortalidade e de perpetuação, através da (pro)criação no belo, como disse Diotima a Sócrates, no Banquete de Platão? – a criação, o gerar no corpo e/ou no espírito, algo que nos engrandeça, que faça extravasar a nossa exiguidade?
ou a procura incessante da nossa (suposta) outra metade perdida (a que a mesma Diotima se refere aludindo à lenda citada por Aristófanes)? – desejo reflectido por sentimento de incompletude?

Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples
(…)”
E. de Andrade

Exposição de Nuno San-Payo

É hoje inaugurada uma exposição de pintura de Nuno San-Payo que contará com a sua presença.
Figura representativa da 2ª metade do século XX, nasceu em Petrópolis (Brasil) em 1926. Licenciado em Arquitectura pela ESBAP e ESBAL.

Fez parte da Direcção da Sociedade Nacional de Beles Artes durante 16 anos. Participou em júris de concursos e mostras de arquitectura, pintura, medalhística e fotografia. Ilustrou livros, desenhou para revistas e jornais periódicos, fez banda desenhada e realizou cenários e figurinos para o cinema.
Ganhou prémios em concursos de arquitectura, de pintura e de cartazes.
A obra do artista encontra-se representado em diversas colecções importantes: Fundação Calouste Gulbenkian, Museu do Chiado, Museu do Neo-Realismo, Museu Municipal do Sabugal, Ministério da Cultura, Caixa Geral de Depósitos, EPAL, Colecção de Arte Moderna do Funchal, Secretarias de Estado do Comércio e da Indústria, Câmara Municipal de Góis, Galeria de Desenho do Museu Municipal de Estremoz, sendo apontado como uma referência na pintura contemporânea portuguesa.

A exposição estará patente até 17 de Julho, na Galeria de Exposições da Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira.

desejo ou envolvimento afectivo…

Poucos estudos há em termos de Psicologia do Amor (e os existentes com uma certa credibilidade têm cerca de uma década). Existem sim, sobre Sexologia, alguns outros sobre a Psicologia do Comportamento (comportamentos mais ou menos explicitados) ou mesmo a nível da Sociologia do ‘Amor’. À semelhança de outras áreas, a divisão entre o visível e o invísivel, entre uma consciência mais ou menos racional, ou racionalizada, e o sentir, manifestou-se também quando se pretendeu estudar aquilo que chamaria, não Amor, mas envolvimento afectivo entre duas pessoas. Mais do que os ‘cientistas’ e investigadores, foram os artistas, os escritores que mais abordaram este tema. E com as devidas ressalvas de se poder considerar, ou não, o Amor um fenómeno recente, essencialmente (re)descoberto ou valorizado a partir da época romântica (portanto, com pouco mais de dois séculos), e de datar da mesma altura a Psicologia como (suposta) ciência, é certo que foram e ainda são, em grande medida, os criadores (como antes também alguns filósofos) que intuitivamente e de um modo mais completo, abordam e descrevem os sentimentos associados, ou designados por amor.
O racionalismo científico não se tem coadunado bem com algo de tão subjectivo, individual ou idiossincrático como os sentimentos, os afectos, as emoções… Talvez com a mudança de concepções que se entrevêem nos últimos anos, hajam alterações…
Sobre o post anterior, será que aquele sentir é exclusivo ou predominante no homem? não terá havido mudanças substanciais no modo da mulher viver a sua sexualidade que implicaram consequentes alterações na forma como estabelece os seus relacionamentos? Embora os estudos apontem para um maior envolvimento afectivo (ou desejo de) no caso feminino, não haverá cada vez mais casos contrários? Isto é, relações mais 'desprendidas', tendo como objectivo uma relação física? E não estão os homens, em certa medida, a fazer o ‘caminho inverso’, ou seja, a optarem progressivamente por sintonizar o seu comportamento relacional aos afectos?
E nesta sociedade de Desejo (de desejos, do desejo), fala-se, anseia-se cada vez mais por Amor… seja lá o que isso for…

quarta-feira, 2 de junho de 2004

...leveza...

"Thomas pensava consigo próprio que ir para a cama com uma mulher e dormir com ela são duas paixões não só diferentes como quase contraditórias. O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor (desejo que se aplica a um número incontável de mulheres), mas através do desejo de partilhar o sono (desejo que só se sente por uma única mulher)."


A insustentável leveza do ser, M. Kundera


terça-feira, 1 de junho de 2004

delírios ou pétalas


o tempo da magia acabou. tempo de empatia. a magia da empatia. como se faz para voltar a acreditar no pai natal – inocência metamorfoseada? sabendo que ele não morreu, nunca morrerá, que surgirá sob as vestes de um outro fantasma inexistente, objectivamente inexistente. subjectiva e inacreditável credulidade. esfuma-se. volta a surgir naquele mesmo lugar ou mais além, sob as mesmas roupagens ou outras, pouco importa. delírios de quem sonha que uma flor será um dia apenas flor, sem nome, sem rosa, só essência de pétalas.

chorrilho de reclamações para a Netcabo

telefono para a Netcabo para mudar de ‘pacote’. Telefonema que é a pagar e com taxa agravada, ou seja, um ‘mimo’ especial para os clientes. A ligação é logo feita, claro, mesmo que fiquemos em espera – pois assim vão pingando os minutos para eles e para a comadre PT. Habituados a nos darem música já todos nós estamos – mas ouvir uma publicidade ruidosa, de mau gosto, absolutamente intrusiva para os meus ouvidos, ah não, não estou!!! Posto isto, assim que fui atendida por uma voz humana, despejo: quero já fazer uma reclamação pelo modo como fui atendida, antes mesmo de ser atendida; uma pessoa paga, e ainda tem de estar a chupar a vossa publicidade?! E agradecia que assentasse aí esta minha reclamação. Depois de uma série de pedidos de números e identificações, ainda me me lembro, no fim do telefonema, de mais uma – já agora também pode assentar mais esta reclamação - a vossa vergonhosa página da net de acesso ao serviço quer de mails, quer de consumos, quer de outros serviços (como este que tive de usar o telefone e não a net) – francamente já não se usa uma tal falta de interactividade… São as nossa empresas (semi-)públicas de tecnologias de informação a funcionar?!