Há 29 anos fomos todos votar… mesmo quem era de palmo e meio, como eu… mas lá fui, a 25 de Abril de 1975 (se não estou enganada) pela mão de meus pais. Era ainda o entusiasmo ingénuo, o acreditar que mudava qualquer coisa… e até mudou muito, bem vistas as coisas. Estava uma bicha (sim eu sei que agora se costuma dizer fila) que dava a volta ao edifício da escola primária. Era de manhã, claro, não fosse o ‘nosso’ voto fugir, ir-se embora por um qualquer destino imprevidente. Estávamos todos tranquilos, pacientemente à espera que chegasse a ‘nossa’ vez, mas ao mesmo tempo havia uma ansiedade no ar… (realmente o que as crianças vêem e sentem! e a memória, a estranha memória que vai ficando algures em nós, marcando-nos). Era para (quase) todos a primeira vez… a primeira vez verdadeira. – ia começar algo de novo -. para mim também. julgo que foi dessa também, a prima vez que vi um boletim de voto na ‘casinha’ onde se votava. meu pai mostrou-mo. Às vezes não encontramos palavras para descrever algumas situações, esta é uma delas. Simplificadamente, apenas que me lembro, tão bem. de tanto, desses momentos.
Bastantes anos depois, então fui eu. E dessa, a memória já não é tão visível. julgo que fui com a minha irmã – um ano mais velha, mas também ela pela primeira vez. mas recordo o traçar a cruz no quadrado. E desde então uma série delas. Só não cumpri o meu ‘dever cívico’ umas duas vezes, por ausência física do local de recenseamento.
Hoje mais uma vez. Hora de calor, depois de almoço, não almoçado. mesmo assim, muita afluência (na minha mesa de voto até às 14h. já tinham votado 19% dos inscritos, nada mau), e continuaram a chegar.
(quando já vinha para casa, tive um dos meus pensamentos absurdos: e se algumas das bandeiras que vimos por aí, fossem mesmo por Portugal, e não pelo futebol? – numa vontade de sermos realmente melhores)
Porque voto? porque sem acreditar, ainda continuo a crer. porque há coisas que não podemos renegar. porque fazemos tão pouco pelo nosso país, que isto seria/é o mínimo. sim, também por todos aqueles que não tiveram nem ainda têm voz (nem que seja este breve sussurrar, indício de vozes mais sonoras e livres). porque não votar é desistir, é desinteresse, é permitir que decidam por nós (sim, sei que já decidem, mas pelo menos sabem que estamos cá), é abdicar da possibilidade de sermos ainda mais interventivos.
Bastantes anos depois, então fui eu. E dessa, a memória já não é tão visível. julgo que fui com a minha irmã – um ano mais velha, mas também ela pela primeira vez. mas recordo o traçar a cruz no quadrado. E desde então uma série delas. Só não cumpri o meu ‘dever cívico’ umas duas vezes, por ausência física do local de recenseamento.
Hoje mais uma vez. Hora de calor, depois de almoço, não almoçado. mesmo assim, muita afluência (na minha mesa de voto até às 14h. já tinham votado 19% dos inscritos, nada mau), e continuaram a chegar.
(quando já vinha para casa, tive um dos meus pensamentos absurdos: e se algumas das bandeiras que vimos por aí, fossem mesmo por Portugal, e não pelo futebol? – numa vontade de sermos realmente melhores)
Porque voto? porque sem acreditar, ainda continuo a crer. porque há coisas que não podemos renegar. porque fazemos tão pouco pelo nosso país, que isto seria/é o mínimo. sim, também por todos aqueles que não tiveram nem ainda têm voz (nem que seja este breve sussurrar, indício de vozes mais sonoras e livres). porque não votar é desistir, é desinteresse, é permitir que decidam por nós (sim, sei que já decidem, mas pelo menos sabem que estamos cá), é abdicar da possibilidade de sermos ainda mais interventivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário