sábado, 15 de setembro de 2007

ver o mar

nem sempre vemos
apenas o que nos mostram
muitas vezes ficamos aquém.. ou vamos além do olhar

brilhante
como o sol
incidindo nas aguas
ou o luar

brilhante
como o mar
a cor do mar

das cores do mar

o mar não tem apenas uma cor
é multiplo
e uno
azul verde cinzento
assim são as cores...

brilhante para quem vê
inquieto na sua substância, no que provoca

nasci na proa de uma embarcação

em que mar?em que águas? onde o mar é bravo e frio e onde há dunas e camarinhas
com uma vela latina
o barco mais bonito do mundo
(sabe o que são camarinhas?)

pérolas brancas das dunas

sou do mar e da praia e da terra e preciso de ar

e com os olhos que parecem o farol
na minha terra dantes, os bois lavravam o mar.
agora são os tractores
e um dia nem tractores haverá e não será nesse dia que devolveremos o mar ao mar

que seremos nós? que será de nós?

sem o mar

nada sei do futuro
não existe futuro
só as nossas expectativas presentes
irreais
o futuro é uma projecção limitada do nosso presente

escreve...
como quem passa tempo a ver o mar

quando olha o mar.... o que vê? uma onda e outra. como será a próxima? nunca saberá, até ao momento em que a vê. e o passado sempre pelos olhos do presente e em cada presente muda o passado
morreu na praia..........queremos lembrar aquela onda que já vimos...não lembramos, apenas temos a memória modificada por aquelas que agora passam
as ondas nunca morrem...
transformam-se em ondas presentes... e nas que talvez virão... maiores? menores? ou apenas penetram mar dentro e diluem-se

havemos de ir ao mar
havemos de ir ao mar das águas

(temos de morrer de alguma forma... não haveria melhor que no mar)

e quando se sai das aguas, molhada, o sorriso aparece e as pestanas coladas o riso às aguas
- não há duas gotas iguais -
a rir às águas, ao mar e ao homem que nasceu nas rias
de olhar da cor do mar

e rir.... rir até o sol se pôr? rir até nos atirarmos para cima das areias de cansaço de rir...?
e ver a areia brilhar
fustigados
cansados
e macia e fina
e sensual a areia.
e o sol quente
e o cheiro a maresia - a algas
o sol aquecendo a areia

cheiro a verde e mar
cheiro a flores do mar
e um monte de camarinhas nas mãos
de pérolas de dunas

veja o mar por mim....

domingo, 9 de setembro de 2007

nada espero
tudo espero

quero?
.preciso.
não estive para ninguém. nem sequer eu entrei. perdi a chave de mim.
as palavras como marés. ou ondas. diluindo-se mal se enformam. esfumam-se assim que tocam.
benditas águas que se esvaem por entre os dedos. algumas deveriam ser apenas vapor. ou nada.