quarta-feira, 1 de julho de 2009

dia 1

Sempre gostei que o dia 1 fosse o 1. Não sei se é pela repetida possibilidade que esse 1 seja mesmo o 1º.
O 1º de...
Hoje, meu dia 1, preciso que este dia, seja o 1º.
Não sei bem de quê, mas que seja... o primeiro dia do resto da minha vida.
(...das nossas. pois não queremos estar sós... não quero estar...)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

somos o que fazemos

somos o que fazemos... o que fazemos da nossa vida... o que fazemos no dia-a-dia, e dia a dia. se se tem uma vida de mentiras, de hipocrisias, de (a)comodismos, então não será também isto tudo que se é?! ao se considerar a própria vida, uma vida falsa, e se estiver a sentir/dizer isso de verdade, não seremos também falsos, mesmo que se consiga dizer momentaneamente a verdade?! e se não for verdade, é apenas mais uma mentira, na mentira daquela vida...
somos o que fazemos, somos o que pensamos e sentimos, mas talvez sejamos muito mais o que fazemos, porque esse 'fazer', que no fundo é um agir, é muito mais construtivo de nós mesmos, do que o que se recolhe nos confins das 'profundezas' - especialmente se por aí fica. Lá diz o povo que de boas intenções...
somos o que fazemos, quer num sentido positivo/construtivo, ou num sentido negativo/destrutivo (de nós? dos outros? da nossa relação com o 'mundo'?).
porque o inverso também é tão verdade: quando alcançamos alguma coisa, fazendo-a, agindo, comportando-nos, é esse comportamento que nos mostra - quantas vezes incrédulos, ou nem tão confiantes assim - o quanto somos capazes, ou seja, que somos maiores, melhores que nós mesmos, e então é porque somos... somos porque o fomos e fizemos, e se somos, podemos fazer outra e outra vez, e cada vez melhor.
por isso há gestos nossos que nos elevam, e outros que nos fazem minguar. e se "errar é humano", insistir em comportamentos que julgamos que no fundo - lá bem no fundinho, tão fundinho que deixamos de os ver - não são os nossos, não somos nós, isso vai-nos tornando nada vez mais 'aquilo' que seremos... ou (infelizmente) já somos.
Mas cada um vai escolhendo o seu caminho... a vida é de cada um... e somos apenas, ou antes, sobretudo responsáveis por aquilo que fizermos de nós mesmos.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Adeus.

quantos adeus.
os que dizemos, os que nos dizem, os que se dissipam surdos no meio de outros ruídos, os que se calam por já não valer a pena serem escutados, os que nos caem nos braços como chuva de pedras, os que...
e o que não queriamos dizer, porque quando o dizemos arrancamos algo de nós, mas é preciso, é preciso... é preciso... é preciso...

Adeus.

sábado, 23 de maio de 2009

"O tempo que passou, os encontros que não se realizaram, as frustrações e os desencontros que nos marcaram para toda a vida. Nuns e noutros, decisões, opções, palavras ditas e silenciadas e, sobretudo, atitudes que selaram o destino, nos prenderam às vidas de uns e romperam os laços com os que passaram pela nossa vida, mas decidiram seguir outros rumos com outras companhias. Um sim ou um não mudam o sentido de toda uma vida. Somos o que fazemos das nossas vidas, as afirmações e negações que pronunciamos ou recebemos como respostas nos ligam ou nos separam de outras vidas. Não somos apenas o fruto das nossas escolhas, mas também reflexos do nosso tempo e das decisões tomadas por outros. Somos o amálgama desses encontros e desencontros."
Mario Benedetti

tinha-o encontrado, este poeta, há tão pouco tempo... encontrei-o e perdemo-lo, neste mês de maio, maduro maio...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

"Para que percorres inutilmente o céu inteiro à procura da tua estrela? Põe-na lá"
Vergílio Ferreira



Tenho posto, amigo... tenho tentado pôr, em cada dia!

domingo, 3 de maio de 2009

uma flor

Foto: B. M.

algures no campo ou numa qualquer mão,
o destino (im)previsto

sábado, 2 de maio de 2009

sopro

calam-se as palavras que nunca se disseram
some-se a voz - breve onda nas areias
- e o teu nome na garganta.
morre-me o amor nos teus olhos
distantes
e tu
tão perto
habitando-me.
(1 de maio)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

como é que pode caber num copo meio d'água, um oceano?!
não é adivinha, é sina...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mais do que aprender a viver comigo, a minha vida tem sido, e será, a aprendizagem de viver com os outros. Creiam-me, tarefa de vida... será que esta vai chegar?

Escrito ontem, reescrito hoje, subscrito amanhã...

domingo, 26 de abril de 2009

inesperadamente crescem
asas que voam
sorrisos que escorrem
palavras que nao bastam
um desejo infinito
de ser abraço

sábado, 18 de abril de 2009

porque...

... temos de encontrar a felicidade num qualquer lugar ... numa qualquer música



é mesmo meu... procurava-a por 'best friends'... afinal it's just 'Lucky'
e vai para o meu ww... para quando precisar de um sorriso.
Amar a nossa falta mesmo de amor e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e o sonho infinito

Carlos Drummond de Andrade

(lido num' a estação dourada')

domingo, 12 de abril de 2009

Fast-friends

Um amigo passa-me um convite para o twitter. A nova 'rede' de conteúdos de 140 caracteres. Clico no link e do que me é mostrado, nada de espcial me atraí. Pelo contrário, da breve olhadela deduzo que o interessante, ou o eficaz, seria o uso de telémóvel... ora se eu até nem aprecio mandar sms. Não sou da geração do polegar, não gosto de dependências - excepto a da nicotina -; para mim o telemóvel é um instrumento, logo útil por definição, não que de vez em quando não me alargue nas conversas, especialmente se não é possível estar com a pessoa. Mas não para 'substituir' uma relação mais frequente... apenas para mitigar.



Passados uns dias, e após nova conversa, vejo a apresentação com mais atenção: aí é que há um movimento de quase recusa: mandar um twitter (é assim que se designa?) a amigos, ou ao mundo inteiro, a dizer que estou a tomar café? ou que vou pela rua x? que vou finalmente regar as minhas plantinhas?

Que diferença está entre o que eu escrevo muitas vezes aqui e essas micro-mensagens? É que aqui há a escrita, o gosto pela escrita, pouco importam muitas vezes os factos, importa é o que se sente, o que se pensa sobre eles, a exploração e o desenvolvimento dos mesmos. Importa o trabalho linguístico (mesmo que não propriamente literário), a 'escaranfunchice', o remexer e deixar correr a pena (ou os dedos nas teclas) à medida que as palavras fluem. Agora estar a contar caracterzinhos?? Aqui pode até ter 20 ou 30, mas pode ter 300 ou 3000 ou... não interessa, não há limite, não nos pré-limitamos, não nos formatamos a priori. Sai espontaneamente, ou depois, acrescentamos, limamos, floreamos... cada um a seu jeito.

Se demorei uns bons meses a criar um (/este) blog, desde que um amigo me falou na blogosfera que tinha começado a aparecer nesse longínquo ano de 2003, não foi por não me sentir atraida, pelo contrário. Comecei logo a ler e a ser frequentadora assídua de alguns deles. Era uma forma de comunicação sim, mas uma comunicação que fazia reflectir, que nos alargava horizontes... como uma boa conversa, um bom livro, uma boa palestra.

E depois, o que interessa a alguém o que é que eu faço, como 'eles' argumentam? Se interessa, então venha ter comigo, venha partilhar, não tem tempo? azarito! Quando houver tempo e disponibilidade, logo partilhamos, e não se perderá se for realmente importante. Dizem na introdução video do twitter que "infelizmente a maior parte do nosso dia-a-dia está escondido das pessoas que gostamos"... infelizmente ou felizmente, pergunto eu? quereriamos viver o dia-a-dia com os nossos amigos, por mais amigos que sejamos? Eu quero viver momentos com os meus amigos. Não sou companheira deles nessa acepção. Escolhi-os por serem como são, pela história comum que fomos construindo e, se calhar, até nem seria capaz de viver um quotidiano com eles. (neste momento até questiono com alguém que amasse).

Mas isto no fundo são argumentos falaciosos... porque na verdade, dizer algumas coisecas, em 140 caracteres, sobre o que fazemos, não diz quase nada de nós, é uma simplificação do outro. É tornar o outro um fast-friend. Dá-nos apenas a ilusão de estarmos a partilhar, a compartilhar-nos, mas só a ilusão, a aparência, neste mundo 'real' que já tanto (sub-)vive de superficialidades.



nota: só umas contas por alto: se duas linhas equivalem a esses 140 caracteres quantos twitters seriam necessários? ok, talvez a ideia principal se possa resumir, mas.... e o meu gosto em escrever isto tudo? ;) e a vossa paciência :))

sábado, 11 de abril de 2009

Hoje escolhi. Não uma escolha de todos os dias. Mais uma escolha que há que fazer, qualquer que seja o dia. Magoei e magoei-me para evitar mágoas maiores - como se pudéssemos saber o futuro?! não podemos. - mas podemos ter princípios e ter a inteligência sensível para sentir o que provavelmente aconteceria. - desculpa, mas não podia ter agido de outro modo, não podia ter sido outra a minha atitude -. Há atitudes que temos de tomar porque acreditamos nelas -não podia interferir numa qualquer atitude tua. Há alturas em que estamos sós, sentindo-nos longe de tudo, de quase todos, e só nós mesmos podemos retomar o caminho, o nosso. Só nós mesmos podemos encontrar o caminho que julgámos perdido. Só nós mesmos podemos deixar de deambular pelas clareiras que construímos. - Há escolhas que nos fazem chorar. Mesmo que estejamos certos, tanto quanto é possível nesta maldita e incerta vida. Há escolhas que por as fazermos, nos fazem reencontrar com algo de nós que nem sempre encontrámos. Mas é por isso que crescemos. E vivemos. - Se eu pudesse também eu não queria que fosse assim. Queria, porque o senti, porque senti contigo que podia ser especial. Mas não. Não posso mudar, não quero mudar, não quero dar um único passo de encontro a um caminho que não é meu. É o teu caminho, cumpre-o. Qualquer que ele seja. -Há escolhas que nos fazem avançar, mesmo que a tentação de nos tornaramos 'estátua de sal' seja enorme. Pelo mistério, pelo desconhecido. Pelo que podia ter sido, pelo que deixámos de lado ou atrás ou, era aquilo que estava à nossa frente? e recusámos. Há escolhas com lágrimas, as que são feitas quando se sente intensamente, quando sentimos vida em nós. - Não podias ter agido de outra forma, não podias ter respondido de outra forma, porque se assim não fosse, era porque não estava a ser tão sentido. Nem eu. Daí a angústia. - Estas são as palavras que nunca te direi. Estas são algumas das palavras que ficarão por dizer...
Esquecer?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

se pudesse ser
contadora de histórias
com gentes e crianças
com lágrimas por uma queda
e um penso no joelho
com risos de um baloiço

se pudesse ser
a criança de outras histórias
com malmequeres brancos e
amarelos num quintal donde se viam
animais ao olhar para as nuvens
ameaçando chuva

se pudesse ser
entraria nas minhas histórias
em histórias que nunca ou
talvez aconteceram
iria ter comigo
e com as gentes que as povoaram

se pudesse ser
criança ou mulher
contadora - de histórias - de gentes
grandes ou miúdas
e cada uma dessas histórias iluminaria
quem as quisesse ouvir. ao fim do dia.

a happy... start

terça-feira, 7 de abril de 2009

Alfazema


a minha cor deste meu tempo



segunda-feira, 6 de abril de 2009

vozes e sons

Na radio, uma entrevista de Carlos Vaz Marques, sempre pessoal e intransmissível, a Patrick Quillier, professor e tradutor: "a língua portuguesa tem muitos sons, é uma das línguas com maior número de sons no mundo". Curioso... sabíamos que era rica em muitos aspectos, por exemplo gramaticais, vocabulares, mas ... sonoros?!
Será também por isso que me é tão importante a voz, a modelação da voz dos outros? o timbre, a intensidade, a respiração? como uma impressão digital de cada um que nos transmite as emoções, o calor ou a frieza, a doçura ou a aspereza, a ambiguidade ou a afirmação, em suma, o toque vocal como um toque de pele, que por vezes pode ser mais profundo, que nos atinge num âmago qualquer.
Talvez seja por isso, se não fosse - e quantas vezes o é também - pela densidade, pela poesia crua das suas palavras, que de manhã faço um breve zapping só para ouvir os Sinais de Fernando Alves.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

hoje

.. e todos os dias, ainda não encontrei a verdade. Logo, não sei como será, e onde estará, o seu oposto (ou será seu complementar?)

terça-feira, 31 de março de 2009

"nunca devemos voltar aos lugares onde fomos felizes", dizem... não! não se pode é ir em busca de um tempo perdido... num lugar reencontrado.
A viagem nunca é a mesma viagem, o retorno nunca é retorno; é voltar com outros olhos, com outra escuta, com outras mãos. Engana-se quem vai aos mesmos locais procurando o que já aconteceu, o que viveu. Pode-se voltar para rememoriar, para crescer, para sentir a felicidade por ter um dia sentido uma outra felicidade. E cabe, a quem volta, a quem retorna, encontrar essoutra felicidade... ou fazê-la acontecer.

domingo, 29 de março de 2009

Há noites assim...
em que o vento nos interrompe, irrompendo pelo corpo
há noites em que as horas nos são tiradas, mesmo que seja apenas uma
Há noite que se encurtam para que os dias se alonguem
para além de nós
para além do sol

sábado, 21 de março de 2009

dia da poesia

primeira noite
primeiro dia de primavera

poesia são palavras. as palavras que contam. não tanto as frases. as frases são respiração. os silêncios e cada palavra como peso de pulmões e carne. num ritmo de diafragma. expirações pelos poros de um corpo.

e é tão raro sentir isso nas bocas que lançam frases que dizem de poesia...
é tão raro sentir o toque da poesia dita.

segunda-feira, 16 de março de 2009

manhãs de silêncio

uma coisa de triste por se estar só: não se vão construindo memórias, não se vão partilhando as pequenas memórias pessoais de que só nós nos lembraríamos. Assim, por não as contarmos, por não as retermos numa narrativa, vão-se perdendo no esquecimento... no esquecimento de nós mesmos... como na manhã após os sonhos...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ontem precisei de ti, que te deitasses a meu lado e acontecesse o abraço. Ontem ao adormecer, quando o sono teimava em não entrar nos meus lençóis e guerrear com pensamentos vãos. Ontem precisei do teu ombro e do teu corpo quente, da tua cabeça encostada à minha testa, de um beijo doce e e-terno que tornasse tudo inútil, aquele tudo nada, e tudo fosse o beijo e o amor. Ontem precisei do teu amor, de sentir o que era ser amada - e nem importava que fosse a primeira -. Que o silêncio fosse a tua voz sussurando apenas a tua presença. E o meu mundo, sómente nós, sem movimentos exteriores de translações e rotações. Nós na verdade de nós, nus. No abraço de ser único, de sermos uno. Ontem, naquele instante longo, precisei de te amar por me amares. Precisei de ser amada por te amar. Precisava de esquecer que não era amada nem amava. Que estava sem ti. Sem o teu abraço. Sem o teu beijo longo no meu rosto. Sem o teu corpo envolto no meu. Sem ti nos meus lençóis, nem partilhando uma mesma almofada, juntos. Que estava apenas deitada com os pensamentos rotativos e vãos que nada tinham a ver comigo, nem contigo, nem com o amor. Ontem. Foi ontem. Hoje, numa noite e nunca, deitar-me-ei contigo. Hoje, numa noite e sempre, deito-me comigo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

motorista ou...

Por vezes, em jeito de brincadeira - embora nunca se saiba quão sérias poderão ser as brincadeiras -, costumo dizer que um dia, se não conseguir continuar a trabalhar no que gosto e no que faço, candidato-me a motorista. O/a patrão/oa ganhará com uma boa condutora e eu faço uma coisa de que gosto. Ora estava eu, quiça a retirar trabalho a alguém, ou a proporcionar descanso a alguém, ou como gosto de pensar a zelar pela minha própria vida, que é como quem diz, a conduzir em trabalho, e em cima da farda de motorista, vestem-me o fato de sexóloga. Dúvidas e inquietações, problemas concretos, dificuldades 'potenciais'. Puxo de receitas simples: comunicação, divertimento, jogos variados, focalização nos meios e não nos fins, e comunicação... muita, verbal e não verbal implicando atenção e sensibilidade ao outro.
Mas agora pensando... não sei se ajudará uma 'sessão' tão breve, mas pelo menos serviu para me sentir confortável num diálogo tão pouco frequente, mesmo numa sociedade de pessoas aparentemente já tão libertas no comportamento sexual, mas tão pouco informadas... e sobretudo, conhecedoras do seu próprio corpo e emoções.
E ainda conduzindo, sorrio ironicamente para mim mesma, imperceptível ao outro olhar... : é que isto do distanciamento, a diversos níveis, faz-nos verdadeiros experts...

segunda-feira, 2 de março de 2009

às vezes apetece ir ao início, ao início das pessoas. que é como quem diz, a um recanto profundo. inexplorado(?) e autêntico.

domingo, 1 de março de 2009

amor e indignidade


Acabo de ver O Fiel Jardineiro. Um filme de amor e indignidade. Indignidade humana. Em muitos dos sentidos que lhe podemos atribuir. De alguns para outros... muitos? poucos? que importa... nossa também, assistentes passivos, cúmplices. Podemos dizê-lo... afinal, mesmo não sabendo quantas vezes os meandros onde tanta coisa se move, sabemos da sua existência.
Indignidade e amor...
tinham-me perguntado: choras nos filme? eu respondi: sim, às vezes. mas não chorei, apenas senti as lágrimas por detrás do olhar, pelo amor, ou pela impotência, ou pelas flores descuidadas...
Amor e indignidade.
A par... demasiadas vezes na vida, neste mundo.
E não devemos, como tantas vezes o fiz - quase sempre o fiz - desculpá-la com relativismos, com excesso de entendimento humanista. Há limites. O limite do respeito pelo outro. O limite do amor (se o houvesse) pelos outros... ou, em última ou primeira instância, por si mesmo.
amor e Indignidade. sem ou com maiúsculas... em larga ou pequena escala... com 'grandes' ou 'pequenas' consequências: só se trata afinal de uma coisa: não considerar o outro como igual.
na inteligência, no sentimento, na alegria, na dor... no humano.
amor e indignidade, numa escala pessoal, sei como pode ferir. não que as feridas não cicatrizem, e se tornem cicatrizes e com o sol quase desapareçam. e mesmo quando algum dos indignos se cruzam outra vez no nosso caminho, como se fossem verticais, olhamo-lo de frente e sabemos dizer: não! porque a nossa casa é noutro lugar que eles desconhecem. que nunca habitarão.
indignidade.
há... demasiadas vezes na vida, no amor.
houve! em demasiados homens da minha vida!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio, Poemas de Deus e do Diabo


Sinto por onde vou. Não sei se é por ali, se por acolá... sei que é aqui. Aqui comigo.
Assolou-me este sentimento, ou consciencializei-o, quando vinha, talvez ontem ou anteontem, a caminho de casa, auto-rádio ligado, condução tranquila, seguindo estrada. O de uma segurança. Não só a segurança de um conduzir seguro, ou talvez isso seja um reflexo de todo um estar... mas vinha, com todas as certezas de ser eu, cada vez mais eu. Eu no mundo. Eu com o mundo. De ter o meu lugar, assumido por mim, e sobretudo, para mim, no mundo. A firmeza de ser, como pessoa, como mulher... face a múltiplas pessoas com que me vou cruzando. Ser feminina... em tudo o que isso pode significar... da doçura e da compreensão, mas também do estabelecer de limites, mais ou menos flexiveis. Do estar em inúmeras situações, de um modo confortável, porque há um sentir de integridade. Da assunção da solidão, nada mais que uma escolha de um viver solitário, porque basta! basta de concessões e confusões e ... ilusões.

Vou ter de ir ver a máquina da roupa que liguei ao chegar. Aproveitar enquanto não chove...

Enquanto não chove... Apenas nas coisas quotidianas, de trabalho, há um pouco mais de planeamento. Tudo o resto, quando acordo, abro os estores e olho para o céu. Quando caminho, não sei irei por ali, se por acolá... Sei apenas que, agora, é por aqui
em palavras,
em gestos,
em sorrisos,
em silêncios,
em olhares e escutas,
comigo, em mim.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

quando?
.
quando foi?
.
o sopro
que matou aquela chama?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ecos e ruídos

isto de escrever para/com os outros é por vezes complicado...
isto de viver com os outros é, ainda, mais complicado...

isto de sermos e estarem ali outros sendo, ou pretendendo ser, é um desafio. desafio a nós mesmos para não irmos na onda ruidosa que os outros criam para que correspondamos aos seus seres, ou às suas pretensões que são não-ser. cada vez mais ouço os ecos das frases de meu pai. eu que quis tanto - como sei que um dia ele também o sonhou - acreditar. não quis... simplesmente, acreditámos!
é preciso continuar a saber o que é importante. o que importa na vida do nosso ser. no continuar a estar, sem deixar de ser, mais ainda, somente sendo. fazendo e sendo. acção e essência.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

"Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam", foi o que afirmou o Cardeal Patriarca.

Eu iria um pouco mais longe:
Cautela com os amores. Pensem dez vezes em casar [ponto final], pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem vocês mesmos sabem onde é que acabam.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

o que (não) sou

A minha primeira reação foi uma quase gargalhada. O rir do absurdo. Como quando alguém que mal ou nada conhecemos nos diz um daqueles lugares comuns que não têm de facto a ver connosco. Mas tudo pode ter a ver connosco, afinal fazemos parte de um universo. - e as palavras correm lestas, como fruto de treinos que não tenho interrompido - dizia, um universo que tem a ver connosco, uma civilização, uma cultura em que crescemos. A culpa e o perdão... mesmo sem ser sequer baptizada... apenas numa frase quase desprovida de sentido quando empregada corriqueiramente...
Mas deixando esses significados um pouco de lado, pelo menos aqueles que têm um peso maioritariamente religioso... afinal, era tão só o efémero desejo de alguém que nos lê, e com quem, sem sabermos, comunicamos.
Contudo, a gargalhada ficou num 'quase'... porque num breve instante, viu-se em espelho: talvez devesse 'perdoar-me' o tempo e o espaço que dei demasiado a outros, pondo-me de lado, ao lado, num recolher em que tantas vezes não assumo explicitamente a minha expressão. Talvez devesse 'perdoar-me' o não querer uma visibilidade de um certo 'eu'. Talvez devesse 'perdoar-me', o sentir-me invadida por olhares alheios que consigo identificar. Talvez devesse apenas abrir-me e lançar-me e escorrer-me sobre o universo... sem mais, sem outros, sem... prés- e prós- e contras-...
Talvez devesse esquecer certa existência exterior quando o que importa é... sentir este rio numa urgência de lançar as suas águas no Mar.

epá, não têm mais que fazer que ler estas palavras absurdas?! Há muito mais vida lá fora... isto só sou eu!
De resto... pensem-nas e leiam-nas apenas como palavras que podiam ter sido escritos por vós... ou não... porque afinal, o vosso 'eu' nem existe fora deste lugar.

obrigada pela provocação, e pelo meu sorriso... até ao final.

sábado, 31 de janeiro de 2009

um pouco de sol por entre a chuva...
um pouco de tempo no meio dos afazeres...
uma vontade porque há que começar a mudar algo...
um sorriso quando à volta se vê o conflito e o caos...
um breve olhar ao passado e a certeza da distância...

... e o tempo não pára!