terça-feira, 30 de janeiro de 2007

quarto com vista para


um banco de jardim. a aparência é sempre ilusória. vê-se dum exterior que o confirma. naquele banco senta-se um olhar. pousa uma árvore. sustenta-o as raízes, ele que já as foi, também.

domingo, 14 de janeiro de 2007



Dio come ti amo

(Este post volta, modificado, pela consideração que os leitores deste blog me merecem)

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Janeiro 11, 2007 Rise Set
Hora actual 7:54 AM WET 5:33 PM WET
Crepúsculo civil 7:25 AM WET 6:03 PM WET
Crepúsculo nautico 6:52 AM WET 6:36 PM WET
Crepúsculo astronómico 6:19 AM WET 7:08 PM WET
Lua 12:32 AM WET 11:49 AM WET
Length Of Visible Light: 10h 38m
Duração do dia: 9h 39m
Tomorrow will be 1m 14s longer
Neste país ainda há temas que são silenciados. Cuidadosa e curiosamente. Ou não. Assuntos que deveriam pertencer à história, ‘ciência’ que muitos desejam. As versões passam como se fossem verdade, tornando-se verdades.
Apenas um exemplo comezinho: no último programa o prof. e historiador J. H. Saraiva ao falar de arte – porquê que os portugueses têm a mania de falar de tudo, mesmo reconhecendo publicamente que nada sabem?! – afirma algo do tipo: só houve arte figurativa até ao início do século XX, e emenda, vá lá até ao primeiro quartel do século.
O que é que lhe interessa ocultar? Apagar? Fazer como se nunca tivesse existido? O que é que o professor, e infelizmente muita gente, mesmo os especialistas, críticos e historiadores de arte insistem em menorizar? Em omitir? Não será concerteza a ‘excelente e criativa’ arte escultórica (figurativa) do estado novo ou os resquícios do pós-naturalismo.
E neste caso, não se julgue que se trata de exaltar da arte pela arte ...
Quando é se perceberá que não é preciso diminuir certos ângulos para se valorizar outros? talvez quando as pessoas perceberem que não necessitam de rebaixar, de humilhar e ofender os outros, para mostrarem o seu valor.
Talvez seja nisso que resida toda a diferença: nos valores...

sábado, 6 de janeiro de 2007

julgam a vontade de morrer escrita em poesia
como certa

e a prosa? e
os escritos nas paredes
os rabiscos no espelho húmido do wc
e os caracteres que ficam suspensos
em gestos?
são porquê?
e as palavras encravadas em gargantas
em asfixia?
são de quê?
julgam do viver por querer
decerto

não se metam. não se mintam
fiquem quietos!
não é minha a vida
sou eu a minha morte.
deserta
que importa se era eu quem tinha razão?
se um dia o senti
que importa se a razão era tua?
se estava nos meus olhos
que importa a razão se não nos faz abrandar?!
razão?
segui-a como sombra
sendo a sombra de mim
ainda ao acordar a vi a meu lado
num lugar vazio. deitada ao lado
desse lado um lugar ainda mais vazio
que importa?
se este dia será vazio
nada mais do que esse nada que ainda habita

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

antónio gedeão fez com que não nos esquecessemos da lágrima de preta. Deu[-lhe] o que é costume. contam-me: as lágrimas de tristeza não são iguais às da alegria... questões de bioquímica, endocrinologia e afins...
confio.
no seu sabor. das minhas. das que sequei com beijos. das que se enxugaram esgotando-se em risos.
na torção do corpo. tenso. abandonado. catártico.
não há costumes!

plim... plong...

as palavras saltam de neurónio em neurónio. não há gravadores que capturem os percursos dos neurotransmissores. é deixá-las, imperturbáveis. ser imperturbável face ao seu quase caminho autónomo. circulam até que encontram uma nova via. e são expelidas por uma expiração. aí... o ar que cuide, ou não, delas.
que sabemos nós...? que sabem aqueles, mesmo quando as ouvem - ou lêem - em formas aparentemente significantes?
mundo de aparências fazendo/ouvindo neurónios chocalhar.... muuuuuuuuuuuuu

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

é em plena solidão
quando ela range
qual madeira velha ou bicho
que me amplifico e
invisibilizo
me prolongo e
me esfaimo
me enleio e
divirjo e
ensurdeço
me desaguo e transbordo
é nesta plenitude de pequenos tons
que inteira me completo.

no entanto…
e
no entanto
é só
pelo outro que
faz sentido
é com o outro que
me faço sentido

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Sempre considerei este primeiro dia de janeiro, uma espécie de 'aniversário', um semi-aniversário, exactamente seis meses antes do meu dia. É neste dia que não-celebro, ou melhor, assinalo, o meio da minha idade. É de certa forma um oposto... oposto que coincide com o meu 'ascendente'... acho piada, eu oposta de mim... apesar de nada saber, e pouco crer nestas simbologias - mas que às vezes batem certo, lá isso batem... é como as bruxas -.
Por alturas do solstício, encontrei num site um texto que achei muito curioso, e do qual retiro alguns excertos:

"O homem primitivo distinguia a diferença entre duas épocas, uma de frio e uma de calor, (…) o Sol (…) o rei dos céus e o soberano do mundo (…). E, desde a época das antigas civilizações, o homem imaginou os solstícios como aberturas opostas do céu, como portas, por onde o Sol entrava e saía, ao terminar o seu curso, em cada círculo tropical. A personificação de tal conceito, no panteão romano, foi o deus Janus, representado como divindade bifásica, (…) que deriva de janua, palavra latina que significa porta. (…) com duas faces simetricamente opostas, cujo significado simbolizava a tradição de olhar, uma das faces, constantemente, para o passado, e a outra, para o futuro.
Para os antigos egípcios, o solstício de Câncer (Porta dos Homens) era consagrado ao deus Anúbis; os antigos gregos o consagravam ao deus Hermes. Anúbis e Hermes eram, na mitologia desses povos, os encarregados de conduzir as almas ao mundo extraterreno.
(…) a dualidade, princípio da vida: diante de Câncer, Capricórnio; diante dos dias mais longos, do verão, os dias mais curtos, do inverno; (…) as trevas, (…) a luz (...). Para os primeiros cristãos, Jesus nascera em julho, sob o signo de Câncer, quando os dias são mais longos no hemisfério Norte. O sentido cristão,
no plano simbólico, abordaria, então, apenas a Porta dos Homens e, assim, só haveria a compreensão de Jesus, como ser, como homem. Mas Jesus é o ungido, o messias, o Cristo --- segundo a teologia cristã --- e o outro pólo, obrigatoriamente complementar, é a Porta de Deus, sob o signo de Capricórnio, tornando a dualidade compreensível.
Dois elementos, entretanto, um material e um religioso, viriam a influir na determinação da data de 25 de dezembro.
"

(retirado de um texto de José Castellani)
Unrequited love
David Kraisler
bronze
A nossa ignorância, e uma cultura positivista, leva-nos a atitudes básicas de rejeição. Ou num outro pólo, à adopção incondicional. Face a isto, como a tantas outras coisas, talvez o mistério resida sobretudo no pensamento humano e nas milhares de formas que o Homem têm criado para tentar explicar e compreender... a si mesmo?!

Não era noite de Natal...


s/ título, 2002
óleo s/ tela
col. particular

autoria: minha, claro!

Esta era a imagem que acompanhava o texto de natal. Sem ela, o resto não fazia muito sentido. E houve pessoas que não a receberam (pelo menos, as que não usam o outlook). Por isso, ela aqui está.