quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

quarto com vista sobre…



o pretérito…


(ao abram os olhos, no parapeito, azul cobalto, homem fumando, e alguns outros que se demoram numa ausência efémera)

De algumas palavras que nos acompanham silenciosamente ao longo dos últimos meses, de pessoas que ao sentirem, pensarem, fazem transparecer a sua inquietação, a sua alegria, a sua melancolia, a sua exultação, a sua dolência, o seu estar e, mesmo o seu ser, único, resta uma suave nostalgia. Perene de alguma forma, em mim. Boas viagens.

Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria partilhar
a sede de alegria –
por mais amarga.


Eugénio de Andrade

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