lentamente levanta-se silenciosamente num silêncio pleno
de respirações suspensas um passo desvela desvela-se nos véus
que cobrem o corpo a alma olham-se sob véus na imobilidade
um braço levanta-se vagarosamente num gesto gentil lança
o véu sobre o espelho que se azula vaporiza em pétalas carmim
no solo da sala outro passo recua na proximidade debaixo do véu
uma mão move-se devagar o pulso condensando todo o seu pulsar
o braço abraça envolve envolve-se no próprio corpo um pé
erguendo-se percorre a perna no joelho projecta-se num movimento
que vagueia no espaço circundante o torso dobra-se num anseio
curvo tomba outro véu na sala solar dança em cadências suaves
vestígios indefinidos vagas de impulsos contornos velados movimentos
sustidos do corpo dos véus que descaem um outro sempre um outro
movendo movendo-se cercando cercando-se saciando
distendida flectida olhar de invisíveis transparências ritmo evolutivo
de corpo e véu detém-se erguida levanta o rosto demoradamente
translúcido límpido abrigado olham-se num derradeiro véu
lentamente levanta-se silenciosamente num silêncio pleno
de respirações suspensas
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