Noite fria, fria como as minhas mãos. Uma refugia-se no roupão, a outra, a outra acorrentada à escrita. Sem saber muito bem o que fazer. A alma… essa nem sei onde está, por onde vagueia… talvez algures perto da ursa menor, uns kilometrozitos por cima de mim… prefiro que hoje seja assim. Não posso pensar em infinitos nem em limites. Não penso… é a minha mão fria que guia estas linhas. Podia usá-las nos exercícios de desenho de movimento… automáticas, mas nem isso, a escrita hoje é mais instintiva. Gosto de escrever pelo prazer de desenhar letras, caracteres, formas que se unem e estendem… numa continuidade qualquer… numa unidade de tempo, de lugar, de acção, gesto de pontos, linhas, planos. Caneta de aparo fino, do mais fino que houver, de tinta, de preferência, permanente ou efémera… hoje é permanente… paradoxo. Às vezes, lapiseira, também fina. dantes escrevia tudo o que podia a lápis, hoje guardado tanto tempo, muitos mal se vêem. Numa letra pequena mas legível em que a verticalidade de alguns traços contrasta com a horizontalidade do aspecto geral. Para uns era pequenina demais e assim tive de usar cadernos de duas linhas, na escola… de pouco adiantou. Aparentemente fazia, mas dentro dela, eu crescia e hoje a minha letra sou (também) eu.
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