sexta-feira, 2 de abril de 2004

Imagin.arte… desnud.arte… am.arte…



Quase lua cheia e as palavras são inúteis.
Para que as quero agora, neste momento, se não as consigo amar. nem tocar. nem beijar. finjo que escrevo para não ser abandono. ou desprezo. recuso palavras belas, vãs, ocas de sentido.
é a carne que rasgo. é a pele que agarro e puxo para mim. não é com elas que te seguro com força, que te ato, pernas, braços, corpo sem alma, apenas eu… e tu. quero palavras que sejam só minhas, não tuas. não quero ser violada com as tuas palavras, também não quero o silêncio.
quero o grito do teu torso, dos teus membros, do teu rosto, do teu sangue. que saia de ti e me cubra, me prenda, me possua, me inunde.
quero as tuas mãos para sentir o meu corpo de novo, cada pedaço desta membrana que nos separa, que nos isola, que nos une. quero a tua boca, toda, lábios, língua, dentes, inteira… toda a boca em mim, toda… não importa se é noite escura ou manhã clara, amarela ou raiada… que seja negro ou lusco-fusco ou dia de claridade… que aconteça lá fora, no quintal ou à beira-mar. labirintos transfundidos em expressão intensa, exasperada, perplexa. não dédalos emaranhados fúteis, vácuos, fátuos sem percursos, inícios ou formas. quero ser teu corpo, teu nome. arte.

Nenhum comentário: