sexta-feira, 16 de abril de 2004

aquela meia hora

gosto de acordar cedo, mesmo antes do despertador tocar, como que para aproveitar o dia, pelo menos a manhã, com aquela claridade peculiar. gosto de ter de conduzir aqueles quilómetros, nunca é stressante, pelo contrário, independentemente do trânsito. É um sentir de um tempo diferente, um silêncio outro, um silêncio de música e de pensamentos que se vão dispersando ao longo da estrada, que se vão buscando e concentrando, aqui e além, por entre casas, fábricas, pedaços de verde, asfalto. Não é necessidade de estar sozinha, isso já tenho, nem de silêncio, é um gostar distinto, um gostar de prazer, de um movimento quieto, de uma atenção partilhada, de uma paz contrastada. É invasão da música naquele espaço limitado, circunscrito, que pode ou não interferir consoante os meus pensamentos ou a exigência do tráfego – sim, a segurança acima de tudo -. É um rolar pensante desapegado, intermitente com música. E quando a música se coaduna com o meu estado de espírito… assim foi hoje… mozart, uma música barroca cantada, peter gabriel… num zapping sempre necessário e nem sempre bem sucedido… não gosto de ouvir aquelas esganiçadas e frenéticas vozes faladas da rádio logo de manhã, parecendo que nos querem despertar à força… nem houve telemóvel (com auricular) mesmo a meio daquela música que se quer mesmo escutar… houve música e sentir e pensar… estar ali, ao mesmo tempo activa e contemplativa. E estaciono, olho para o rio, mesmo ali ao pé, sempre outro, e respiro… é uma meia hora especial, de tranquilidades… e ala para o trabalho…

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