sábado, 24 de abril de 2004

Cada pingo ressoa na calçada, único e brutal,
massa chuva tropical em enxada que imola.

Estertor em corpo derruído, perdido entre
ecos de chuva, nas pedras paralelas amputadas,
massa corpo inerte estendida, aberta.

que chova até arrancar a pele
encarquilhada do abandonado,

que chova até desfazer a carne malograda

que chova até restarem só ossos abortados,

tão pouco uma lágrima ou nada,

só ossos na calçada molhada

só pó na intacta poça de água.

Nenhum comentário: