“Às vezes, penso que é impossível que entendas completamente aquilo que sinto. A culpa não é tua. Não existe culpa. As palavras que tenho são muito insuficientes, são muito imperfeitas”.
Este é o início de um texto que marcou o meu ano de 2003. É de José Luís Peixoto. “Amor”, saído no JL, em 28/5/2003.
“nós somos feitos de tantas coisas impossíveis, tantas coisa de que duvidámos, tantas coisas que verdadeiramente acreditámos impossíveis, com todas as certezas, com todas as dúvidas. Nós somos impossíveis e, no entanto, somos possíveis. Estamos aqui. É isto que não sei como dizer-te. É isto que não sei se entendes completamente”
Significados diferentes, afectos diversos… por estas palavras, por aquilo que me suscita(ra)m. Lemos as mesmas palavras e o texto é percebido de modos distintos. Sei que a sua leitura flutua com o nosso sentir. Uma mesma forma assume formas distintas. O tempo sucede, e nós reconstruímo-nos constantemente. Numa estranha constância que nos percorre, a variabilidade, o efémero do perene… ou do eterno… de qualquer forma… numa necessária busca de essencialidade… a incomunicabilidade do sentir que, por vezes, de repente, se torna tão clara, tão luminosa que “olho-te nos olhos e basta-me a verdade desta palavra (…) basta-me a verdade do teu nome (…)".
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