quinta-feira, 15 de janeiro de 2004

a propósito do estudo sobre a violência... no amor?

Sei o que é a violência. Por isso a compreendo. Por isso a recuso. Sei o que é a ternura. Não preciso de a compreender ou de a aceitar, apenas a sinto e a cultivo em mim para mim e para os outros, para os que a quiserem e souberem receber.
Sei que a insatisfação, as múltiplas insatisfações, perturbações complexas, podem levar à ou gerar violência, compreendo muito coisa, quer racionalmente quer emocionalmente… como disse o poeta, par delicatesse j’ai perdu ma vie, mas nesta minha outra, nova vida, é com delicadeza que quero conquistar a minha existência, com uma terna força interior.

A frase do principezinho: és responsável por quem cativares, é verdade, mas não é tão linear como parece. Somos é primordialmente responsáveis por aquilo que sentimos relativamente a quem gostamos, pelos sentimentos que temos para com essa pessoa, temos é de acarinhar os nossos próprios sentimentos; se somos responsáveis por aquilo que sentimos pelos outros seria mais natural agir em consonância, se amamos, se gostamos porquê que, em vez de o querer (mesmo inconscientemente) destruir ou apoderarmo-nos, não queremos somente que ele seja maior, melhor, único? Não por ou para nós próprios, mas por ele, porque gostamos dele como pessoa, independentemente dos seus sentimentos por nós. O encontro, progressivamente mais próximo, da raposa com o principezinho, é um encontro “criativo”, livre, de respeito entre dois seres diferentes que se torna eterno enquanto sentir, mas potencialmente efémero nas suas circunstâncias, porque há respeito, liberdade, afinidade, sentimento profundo.

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