quarta-feira, 18 de outubro de 2006

des-montagem

Sentada no chão tijolo da sala. Possuindo por inteiro, os derradeiros momentos. Tinha sido mais do que um compartimento. Agora, um espaço vazio. Quase. Aqui e ali jaziam uns materiais, mais ou menos arrumados, encostados às paredes, prontos para seguirem o seu destino. Regressarem ao seu legítimo proprietário. Mais além, destroços de um acontecimento. Como todos na vida, com início e términos. Como tudo, de condição efémera, persistindo sob outra forma. Na memória. O após da co-memoração. Rememoração eterna enquanto quem a guarda, existir. Pela circunstância de primordial, acrescida de situação de feito maior, torna-se inscrita, indelével.
A sala quase vazia, hoje; amanhã, voltará a animar-se de cores, outras. A nostalgia orgulhosa de a ter visto plena, de a ter feito inteira. A melancolia da antevisão da próxima; não terá a mesma emoção e a inocência da virgindade.
silêncio, memória, marítimo, reflexos, pormenor. Sessenta e oito grandes detalhes de algo desmedido. Irrepetível. Sucedeu no ano da graça de dois mil e seis.

Nenhum comentário: