sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Chove lá fora. muito. muito. se estivesse lá fora, ficaria encharcada até aos ossos. diz-se assim e assim seria. encharcada. mais que molhada. pelo poder purificador da água. pelo excesso destruidor da água. a água. coisa essencial à vida. são apenas palavras. com as águas. quase me vejo a sair a esta hora maldita da manhã. da madrugada. para a receber. em mim. talvez fosse isso que me acordasse. de um sono já demasiado leve. o seu ruído forte a bater nas pedras, nos beirais, na janela. como palavras a bater, em mim. em ecos semi-adormecidos. em sonhos interiores-anteriores. quase me vejo a sair por esta escuridão matinal, sob as chuvas que batem. batem, em gestos doridos. sem fazer mal. porque não é por mal. apenas É. quem sente é que a sente. ela só é. quase parou de chover agora. lá fora. já não poderia ir lá para fora. já quase não chove. já quase não tenho sono. cansaço de noite mal dormida. pouco dormida. já não iria lá para fora, para a chuva. iria para perto da ria. adormecer tranquila. nos seus braços.

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