Outono. Sol frio. O verde do jardim rodeia-me, mas sinto a aridez do banco de pedra-cimento em que estou sentada. “cai uma folha mesmo à minha frente. Pareço eu, sinto-a como eu, basta uma brisa, leve, e arranca-me à vida. Tento prender-me a mim própria. Porque mais não tenho. Ou pouco mais tenho. O lugar público, incómodo e cómodo porque evita o desabar. E o dia azul, quente cá dentro, como está cá fora, quando virá?” Numa serenidade aparente, sorrio sem alma, sorrio para não chorar, porque quase me desfaço por dentro. Sei que ao chegar a casa, na solidão, desabarei. Tenho medo. Adio. Circulo. Passo. Ando. Saio e entro. Tentando-me agarrar a esta imagem de mim que dou aos outros. Contenho-me. Sei que não por muito tempo. Quase a esgotar-se. Venho cá fora. E estás aí. Por acaso. Ou talvez não. Precisava hoje de ti. Amigo. Nem sabia que precisava tanto de ti. E estás lá. E saímos passado um pouco. E agarras muito do que desabaria dali a nada. E pouco importa que me vejam as lágrimas correndo no teu ombro. Acho que nunca chorei tão visivelmente. E estavas lá para as acalentar, para me ajudar a acreditar de novo em mim. E nesse fim de tarde de Outubro, fizeste-me sorrir quando eu tanto precisava. Mandei-te uma mensagem depois de nos despedirmos: amigo é… estar no lugar certo, no momento certo… (por acaso… ou talvez não). Respondeste-me em seguida. E guardo isso preciosamente. Algo que te reenvio hoje: Beijos. Sempre.
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