subo uma, duas, três, quatro escadas rolantes, como no início deste lugar, subo mais um lance de degraus em cimento, e estou na rua onde Pessoa com outras Pessoas estão sentadas, como estátuas estáticas ou em movimento agitado. olho, sem estar bem aqui, olharei mais tarde como já olhei, e verei mil coisas novas, rostos, detalhes, sons, luzes, pedras. percorro a rua dos trilhos paralelos, daqueles que nunca se unem, nem no infinito… onde está ele? o sol já esteve a pique, sem sombras, mas falta tempo para anoitecer, para uma outra noite escura, clara ou negra? desço aquelas escadas de corrimão de ferro forjado, representado, até aos arcos que se tornam minha cobertura. sigo, escutando ruídos de esquina em auto-rádios que passam rentes. O empedrado da rua… e do largo. Naquele banco sento-me, outra vez, mais uma vez sentada. olho para o convento claro, de pano largo, janelas estreitas, para a árvore rodeada por outro assento, estará já em flor? estarão lá outras gentes? olho para o portão de ferro que guarda o rio longínquo onde poisam os barcos e navios que irão zarpar em primeiras ou derradeiras jornadas. sentada parece que espero… espero que aquele largo… sentada aguardo apenas o ponteiro dos minutos avançar. sentada, olho o céu azul da espera, ou esperança azul? sentada pareço estátua como a outra, as outras lá mais acima. talvez tome também um café… terei de me levantar, entrar naquele edifício de paredes largas de um dos lados do largo. correr com a dor naquele corredor, descer mais umas escadas… talvez fique aqui ao sol mais um pouco… parecendo esperar… estou sentada aqui, aqui, mas não estou. afinal será só esta tarde, quando não for criança nem velha, a tarde. será esta tarde? será tarde?
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