terça-feira, 9 de março de 2004

Raízes do vento

Leio palavras ou escrevo-as, sinto-as em mim sem formas nem letras. Amálgama de pensamentos sentidos. Por vezes parecem-me minhas, outras, de alguém que queria existir ou sentir assim, num sentimento de desrealidade, como se durante o dia caísse subitamente a noite e, outra dimensão subsistisse. Sinto aquilo ao mesmo tempo que o seu contrário, num conflito que emoções que não se chocam, antes se harmonizam de um modo estranho. Estranho? Talvez não, afinal foi sempre um pouco assim. Um arco-íris surge sempre do sol e da chuva. Efémero na sua visibilidade. Tão fugaz que permanece, que é, apesar da sua imaterialidade. Toda a emoção é incerta, sem lugar nem tempo, qual imagem que passeia sob o nosso olhar. Peregrina. Numa busca do vento que a leva. Que quase tudo leva. Numa vertigem da memória-presente. Mas restam na terra, as raízes.

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