deixo cair as pálpebras imensas
lentamente olhando-te
para não te ver
não ver o que não consegues revelar
sigo o voo circular
(estamos quase no verão,
aonde é a sombra
da tua casa?
andorinha)
foges do sol, da estrela nocturna
ardida numa quietude desenfreada
esqueces o crescente da lua
hábito espelho de luz
(lá um dia também houve água)
voo atordoado múltiplo
de asas quebradas
és viajante prisioneira de um só lugar
ignoras que na nuvem branca, só ela voga
lá dentro, rolas húmida incerta
julgando-te voar
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