sábado, 15 de maio de 2004

nocturno de areia

quase toco a noite macia, tímida e quente. pelos dedos entreabertos, enleiam-se beijos de estrelas cadentes, traçando riscos dourados no dia que amanhecerá. na palma da mão, acolhe-se o segredo, linhas ondulantes de vida, ilhas de dádivas e tesouros, círculo imperfeito de ternura. com as mãos, um espectro de gesto por cumprir, desenho quimera, corpo contorno fantasma. murmúrio da vontade de voar, ecos elípticos que evolam os medos dos naufrágios. na pele, areia líquida dócil, espelha-se o nocturno luminoso dos mares.
Fotografia de Ansel Adams

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