sábado, 1 de maio de 2004



digo apenas, preciso de ti, preciso como nunca me ousei dizer. entrei num labirinto, como todos sem saída visível. nas paredes em que toco, onde cravo as minhas unhas, julgando serem carne minha ou de outrém, pouco importa, afinal só eu me rasgo sem fim. por corredores percorro o desespero, dor incerta. em fuga tentada, cubro-me em chão sem cave ou alçapão, num fundo liso magoado. não me deixes desistir. não me abandones agora. figura-te em corpo, espelho perceptível de um decifrar. procura cruel por entre o ser estranho das palavras. inacabadas. ouço quase um surdo bater de asas como o crepitar do incêndio. serão cinzas esvoaçantes, sons de pássaro de fogo, ou a vazia angústia da loucura? não me deixes sepultada entre estas barreiras mortas. escrevo errante por estas ruas concêntricas, exaurindo-me num gesto último. fio de seda em oculto segredo. não chegues tarde. tarde demais. preciso de ti.

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