Coimbra, pelas mãos da morte. um pouco da minha infância e adolescência que parece ir... laços familiares, não por ser apenas família, mas por haver afecto profundo. ternura. passado. vivências de risos e canções. de natais e histórias contadas de outras infâncias em tempos idos. quando as crianças brincavam na rua com bolas e bonecas de trapos. quando dois irmãos também subiam escadas de sotão e implicavam um com o outro e havia ratazanas velhas que iam morrer junto às lareiras das pessoas que habitavam as casas. e as madrinhas que viviam na casa que também acolhia nas festas da rainha santa todos os parentes da aldeia. os sete filhos-crianças da vizinha viúva, moços que se tornaram honrados, e a pouca comida que ainda se repartia por quem ainda menos tinha. e começar a trabalhar em terna idade e a paixão pelo teatro - logo hoje, seu dia mundial - e a 'responsabilidade' noutras estórias de amor que começaram quase em palco. a prisão dois anos no Porto, por querer justiça e liberdade. a voz poderosa que finalmente se cala. mas ecoará na lembrança dos que o amavam. pedaços de memórias. deles e nossas. foi no abraço sentido que veio o choro incontido, quase infantil, com relâmpagos dos momentos de férias e brincadeiras e cumplicidades. embora parecendo quase esquecidas, reencontramo-las em adultas mãos dadas. como se as tivessemos dado ontem. porque esse nosso ontem está em nós, mesmo nem pensando que estava assim tanto.
hoje foi um dia triste. e na nossa tristeza soubemos sentir a alegria dos afectos.
foi por acaso ou em vão que há quase um século um homem e uma mulher se amaram? vamos deixar esse amor esvair-se no tempo como se não tivesse existido? juntemos as crianças. elas sabem brincar.
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