sábado, 31 de março de 2007

Com o tempo vem a relatividade do tempo. Não aquela relativização das convições absolutas adolescentes em que o mundo quase acabava todos os dias por haver ou não haver aquilo em que se acreditava. Vem a lucidez de que acaba e que por isso mesmo existe. Ou que somos nós próprios a ter de fazer para existir. Num mundo interior - é esse o que pode mudar; o resto é apenas uma possibilidade ou potencialidade... ou ténue consequência desse outro mundo.

atravessa-se ruas e praças e pessoas.
atravessa-se lugares onde se faz e pensa.
se ri e chora
cruza-se amores e outros afectos
e raivas que se diluem
por o infinito espaço ser demasiado pequeno

troca-se o impulso pelo deslumbre
de todas as imagens
de humanas paisagens

não se corre atrás nem à frente. talvez se corra apenas, ou caminhe, ou sua qualquer ilusão.

quanto mais perto maior
a viagem
de que tamanho é o mar?
e a sua idade?

De olhos abertos na lucidez de que nada se vê
No desejo de nada ver
senão entes entretidos a construir quaisquer castelos de espuma
nas areias duma maré vaza

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