por vezes as pessoas são de uma extrema violência. sem se aperceberem, sem quererem, entram de rompante, sem olhar, sem escutar, sem atender ao outro. em especial as pessoas próximas, familiares, que julgam que os outros são eles, 'deles'. e se uma pessoa se mostra incomodado, ainda ficam ofendidos, agridem porque mais uma vez nós somos 'deles'. o nosso espaço íntimo tem de estar sempre à disposição. o nosso silêncio, o nosso estado de espírito. e quando não está sentem isso como ofensa, como recusa de afecto. e se pode ser vulgar a invasão por estranhos, por aqueles que supostamente nos compreenderiam melhor, com os que nos amam, no fundo gostaríamos que fosse diferente. são também pessoas, é o pensamento que nos leva a relevar. mas há momentos em que estamos demasiado sensíveis, em que precisamos ou estamos demasiado embrenhados nesse nosso espaço interior, e isso afecta-nos. é necessário 'treino' para já não doer. e às vezes somos principiantes da dor. outras, mestres.
hoje à tarde enquanto faziamos horas fomos para uma esplanada à beira-tejo. falámos de telhas. claro que cada um é como cada qual. o direito às telhas é inegável (esta frase assim dita parece muito reivindicativa). mas que direito temos em atirar para cima dos outros as nossas telhas? (especialmente aquelas pesadas e intrusivas). a uns dá-lhes para implicar, descarregar em cima do outro o seu mau humor, outros deixam-se ficar no seu canto. que respeito têm aqueles primeiros pelo outro? porque é disso que se trata! falta de consideração. no fundo, uma enorme falta de respeito (e de amor) e excesso de egocentrismo. assim como o é, aqueles que não estando com a telha, picam quem está com ela e está no seu canto (no seu espaço íntimo) em silêncio, porque querem à força que a pessoa interaja, fale, explicite motivos, razões ou outra coisa qualquer.
quantas vezes as relações mais próximas não são jogos de manipulação, de tentativa de conversão do outro àquilo que julgam ou querem que seja?
quão difícil é a liberdade, o respeito pela individualidade de outrém, a aceitação do outro.
oh! mundo complicado, hem...
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