Depois de meses que bom é sentir nos pés as areias da praia, avançar para a beira-mar sentindo o corpo cálido pelo sol, pelo toque daquele corpo quente e vivo, e entrar nas águas um pouco frias, mesmo sentindo os arrepios provocados pelo vento que varre a praia até ficar quase sem rastos. Um passeio prolongado, de descoberta, de partilha de passos passados, de reencontro de pedras e conchas, de dunas e molhes, pisando areias molhadas daquele mar que nos envolve cadenciadamente. Sentar numa esplanada, sem tempos, estando, falando quando as palavras urgem, desfrutando o vaivém de pessoas, sorrindo, porque estamos felizes. E aqueles jantares saborosos, lentos, tranquilos, feitos de disponibilidade para a vida. Depois mais um passeio, ruas movimentadas em mansos caminhares, sem rumo definido, olhando aqui, além, ouvindo vozes que se aproximam para logo se afastarem, por vezes com rostos mirados, outras, apenas as vozes. O som de férias que ecoa na urbe balnear. E ainda, o silêncio do sono, tendo apenas por vizinhos, os pássaros, um cão ao longe, ou mesmo um galo que desta vez não cantou, ou foi o sono que o emudeceu. Por vezes a poesia sai das palavras e preenche a vida. Os nossos pequenos momentos de vida.
A distância, sim, pareceram tão longínquas, decisões, desilusões, demissões e mortes. A morte de uma grande pessoa. De uma Mulher que transbordava vida quando falava, porque acreditava. porque sonhava.