domingo, 10 de dezembro de 2006

A Casa da Lenha

A vida e a obra de Lopes Graça em cena no Teatro D. Maria I (Sala Garrett).
Daquele a que Eugénio de Andrade chamou 'anjo de pedra'. Um olhar de memória(s).
Memória pessoal, interiorizada; mas também memória colectiva de um país - porque a situação do país, desde a implantação da república até pós 25 de Abril, vai trespassando a sua/nossa vida. Daí que esta peça poderá ter uma componente pedagógica importante para as gerações que não vivenciaram nem conhecem as décadas 'cativas' do século XX. (se puderem levem os vossos filhos convosco a vê-la ).
E, claro, sempre a música, elemento fundamental nesta dramaturgia, desvendando a diversidade das obras do compositor, numa escolha criteriosa e límpida que fazem do texto, som e imagem um todo coeso e surpreendente.

Um apurado texto de António Torrado.
Uma óptima encenação de João Mota.
Uma sólida interpretação de Carlos Paulo.
Um excelente trabalho de toda a equipa.
Uma peça de qualidade, a ver sem dúvida.

Ainda uma das canções cantadas...

Oh pastor que choras
o teu rebanho onde está?
Deita as mágoas fora,
carneiros é o que mais há
uns de finos modos
outros vis por desprazer...
Mas carneiros todos
com carne de obedecer.
Quem te pôs na orelha
essas cerejas, pastor?
São de cor vermelha,
vai pintá-las de outra cor.
Vai pintar os frutos,
as amoras, os rosais...
Vai pintar de luto,
as papoilas dos trigais.

José Gomes Ferreira/F. Lopes Graça

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