Não tenho filhos. Nunca quis. Nunca quis ter filhos que não tivessem os pais que os merecessem. Durante anos soube que o pai dos meus filhos não poderia ter sido aquele. Não poderia dar um pai assim. Ou teria de assumir que não teriam pai. Não sei se seria mãe. Se saberia... Acho que nunca o vou saber. Sinto isso agora. Mais uma vez. Talvez este 'agora' seja pior. A dead line da idade. Mas até ... ontem?!... até... estive disposta a desafiá-la. Acreditei. Acreditei que era um projecto a dois. Que poderia ser. Se o destino... e o nosso não cuidado assim o quisessem.
Não sei porque de repente penso nisso. Nunca foi um projecto de vida. Aliás nunca tive projectos de vida definidos... até há quatro anos.
Sei porque penso... pensei... senti. Quebrou-se. Como um vidro. Partiu-se e nem sei porquê. Não faço a mínima ideia. Poderia abrir um parênteses e dizer que devo ser idiota, cega, ou outra coisa qualquer. Tenho andado muito atarefada. Sem um diazito sequer de férias - também preciso urgentemente! -. Mas bolas, já faltava pouco tempo. Estou na recta final deste projecto. Era essa a desculpa do silêncio: Preciso de férias. Mas ... era só desculpa. Estavas a arrastar... a arrastar-te desde Dezembro... e agora implodiste... Eu nem sei se é isto... apenas é o mais provável. Sei que a tua atenção já não era a mesma. Mas podia ser tanta coisa... ou 'apenas' isto.
Continuo às escuras. Já nem chorei. O choro vem com o sentir. E eu não sei o que sentir. Não quero sentir para não levantar uma barreira intransponível. Quero sentir mas não consigo. Não quero sentir para não secar, para não inundar uma outra vez. Queo sentir porque estou farta de não sentir. Quero... não quero.
Sentindo ou não... senti. num esgar triste. não, filhos não os terei mesmo. E nem a velhice sozinha me assusta... será honesta, coerente com a minha vida.
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