terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

por vezes toca uma campainha. há alturas em que atendo, outras que deixo à espera. às vezes sei de quem se trata, outras não adivinho à primeira. sei sempre quem são mas nunca ao que vêm. são breves ou demorados, chegam cedo ou pelo anoitecer ou ainda a qualquer outra hora do dia. silenciosamente ou algo faladores. partilhando o silêncio ou interpelando-os, sinto-os sempre próximos, afinal são os meus fantasmas. meus sim, não porque mais ninguém os veja, até porque numa outra realidade existem, não necessariamente da forma que os outros os divisam ou do modo como eles próprios se veriam a um espelho. meus assim como dizemos os meus amigos, os meus pais, os meus colegas, os meus… como se o estabelecimento de relações nos fizesse apropriar de algo desses outros. são meus, mesmo que numa vida inteira não sejam mais do que breves instantes. alguns esfumam-se num nevoeiro sebastianino, e se por fim tornam a aparecer ou não, é lá com eles; outros mais recorrentes, são também os mais chegados e tranquilos. e se uma coisa sei, é nunca ser estranheza, é somente o invisível.

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