segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

olhar de frente

não devia ter consentido aquele cochilo da tarde, mas ao fim e ao cabo era domingo, dia de pretenso descanso, e tinha-me levantado cedo. à noite, o sono insistia em não vir tão depressa como o habitual. quente, serena, procurava o melhor jeito, e sem dar luta e acordo, adormeci. sem o tempo da hora da vigília, lembro que despertei entre sonos, ou sonhos pesados. cada vez que voltava a dormitar regressavam aqueles esbatidos pesadelos. sempre distintos, é a vaga lembrança. dois, três ou quatro. passavam e no ligeiro despertar iam-se sem angústia. apenas ficava a apreensão de ter de acordar cedo. os terrores nocturnos só raramente são temidos, a compreensão das coisas, das suas relações, transporta a tranquilidade. o olhar de frente permite a segurança. e os pesadelos são distorções, alterações de uma percepção clara. no escuro, no sonho, a clareza de um ombro, um aconchego, e o adormecer profundo.
na manhã, no dia, nem reflexos de uma maior fadiga. afinal, basta olhar o mundo nos olhos e continuar a sonhar.

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