quinta-feira, 19 de agosto de 2004

peças de vida

"
Todo-o-mundo
Eu hei nome Todo-o-Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro,
e sempre nisto me fundo

Ninguém
Eu hei nome Ninguém
e busco a consciência

Berzebu
Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.

Dinato
Que escreverei, companheiro?

Berzebu
Que Ninguém busca consciência
e Todo-o-Mundo dinheiro"

Gil Vicente - Auto da Lusitânia





Há cerca de 60 anos, um homem e um mulher conheceram-se. Representaram esta peça, em teatro amador. Desde que me dou como gente lembro-me desta história, deste trecho, repetida porque ainda, e sempre actual, repetida porque tem a ver com momentos únicos, de amantes.
Ontem encontrei exactamente este excerto, impresso, no meio de milhares de papéis antigos, que investigava, no trabalho. Ontem, tive mais uma vez a comprovação de que realmente neste Mundo é necessário ter algum dinheiro para sobreviver, ou para viver com alguma dignidade. Não admira que todos o procurem, mas justifica que toda a vida, nele se funde?

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