sábado, 30 de junho de 2007
sexta-feira, 29 de junho de 2007
dear heart
trespassada por uma energia invisível, deitada e semi-nua, bastaram poucos minutos para se obter um registo mensurável do que me faz mover. no fim, olharam, avaliaram e disseram 'está tudo bem'.
nada que já não soubesse: o meu coração é um resistente.
my dear heart, tomorrow it's another day...
segunda-feira, 25 de junho de 2007
mudança de género
pela primeira vez sai o meu nome no jornal (se não contar com os artigos que publiquei). falava de um acontecimento em que estive envolvida. e citaram-me. citaram-me? não. porque, de um momento para o outro, mudei de sexo. no Luísa, caiu o 'a'. e na 'função' profissional adoptaram o género masculino. vá lá, copiaram bem os apelidos da documentação distribuída.
ah! e no fim da citação de parte de um texto meu, também se esqueceram de fechar as aspas.
terá sido machismo, interroguei-me. e ainda fiquei mais inclinada para uma resposta positiva quando me falaram um pouco mais da pessoa que escreveu tal notícia...
enfim... detalhes... o que importa é o evento ser divulgado.
adenda: só umas horas depois é que me lembro que afinal não é esta a 'primeira vez'. é a terceira, se considerar uma das outras duas, em revista online.
domingo, 24 de junho de 2007
sábado, 23 de junho de 2007
detalhes
quinta-feira, 21 de junho de 2007
terça-feira, 19 de junho de 2007
do amor § 3
simples afago. num tocar sensível. breve.
quinta-feira, 14 de junho de 2007
mundo : pedra
algo mais sólido e duro
mais obstinado
que os pedras de uma pirâmide.
aponto para o céu
e todos lá em baixo gritam:
sob chuvas de pedras
: os sonhos não são de pedra
aponto para o céu:
em sonho de pedra
sempre antes de um amanhecer...
um dia disseste-me que ao ver este filme lembraste-nos.
talvez nem nunca soubeste que tinha estado em Viena
e não vi por lá uma valsa chamada rio
porque os pés ou o coração tinham-se perdido
ou enganado nos passos
um dia disseste-me e
eu acreditei
acredito sempre sem
perguntar até que a morte
sufoque
em todos os dias, de todas as possibilidades, escolhemos sempre as impossíveis.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
metro: baixa-chiado
domingo, 10 de junho de 2007
imagem retirada de 'resistir' ; palavras de F. Pessoa
sábado, 9 de junho de 2007
o que nos agarra
perco as horas perdendo-me por entre renovada curiosidade. e neste perder saboreio este não querer saber, não ter ninguém que me acompanhe ou a quem eu tenha de acompanhar com aconteceu outras vezes, por haver ritmos, interesses tão diferentes. por terem medo que eu me perdesse... que bom é perder-me! e parar e andar e folhear e respirar quando nos urge. sem perguntas, sem respostas. mesmo que sem partilha. afinal ali a comunhão é mesmo com os livros, numa relação íntima, tão corpórea.
terça-feira, 5 de junho de 2007
folhas de maio
t. estava ali à minha frente. de pé. quase surgida do nada. olhei-a sem perceber de imediato se estava triste ou serena. aliás nem mais tarde, recordando este episódio, saberia dizer da expressão do seu rosto. apenas entrevi a da sua alma. vertical, olhava-me nos olhos, os braços delineavam o seu tronco, e as suas mãos, uma prolongava-a em silêncio, a outra calava-a nos dedos fechados. dedos apertados à volta de um maço de papel. um maço nem grosso nem fino. um maço, não, dois, agora perfeitamente distinguíveis pela diferença de cor dos laços que os dividiam.
por entre dedos e um certo amarelado do papel, duas fitas, quatro pontas, duas cores de dois tons, quatro cantos de folhas dobradas. cantos de outras tantas vozes. cor rosa tom esbatido e um verde matiz turquesa. em esbranquiçados pelas mãos que tanto sonharam.
o braço da mão vazia move-se até se juntarem as duas mãos em torno daquele volume. e os dedos separem aquela unidade numa divisão natural, talvez por uma certa perturbação, talvez por intenção. estende as mãos em desejo de esvaziamento e ouço:
quero que fiques com elas: quero ficar longe delas.
tento tomar com as duas mãos os dois maços que se separaram. agarro um facilmente. o outro, o outro fica entre as nossas mãos. não forço, apenas a olho. poderia perguntar, perguntar qualquer coisa que fizesse sentido mas a leve resistência que senti, não o permitia.
em silêncio, olho-as. olho-a. olho para as que tenho na minha mão, por já não doerem tanto
não sei o que fazer com elas: guarda-as.
guardo-as?!
guarda-as! queima-as! publica-as como se fossem tuas! ou duma tia-avó solteirona do século passado. e lentamente: ou de há dois séculos, seria ridículo, nem era crível escrever-se ainda assim. assim…
as nossas mãos continuam presas ao outro maço, sem saberem o que fazer. também elas sem o saber.
não quero ficar longe delas: não posso continuar perto: eu e elas: sós.
olhando um vazio, esboça uma espécie de sorriso. e puxa as folhas para si, encostando-as ao seu corpo, como se a hesitação fizesse com que se abrisse e as tragasse. quase sofregamente.
liberta, agarro nas outras cartas esmaecidas atadas, guardando-as no meu colo.
cativa, agarra no outro maço de cartas esmaecidas atadas, guardando-as no seu peito.
cúmplices em dois sorrisos breves, íntimos, em duas bocas fechadas, compenetradas, desmentindo a quietação:
e agora: o que é que eu faço?!
Maio 2007
domingo, 3 de junho de 2007
- há quem as procure -
(talvez as tenha procurado sempre)
e de que valem? se não é nas frases com sentido que se encontra algo que faça sentido
se calhar nem é simplesmente em qualquer frase
o sentido vem antes da estruturação em frase, só depois se tenta visibilizar, comunicar em composição
e depois há frases que destruturam o sentido de outros sentidos
e se agarrar numa palavra? numa só palavra, numa palavra por dia
- terá cada dia uma palavra que o signifique? -
- que dê o sentido que tantas vezes fica perdido no meio de multitudes? -
que palavra é o dia de hoje?
terá sílabas? acentos? ou apenas a modulação de uma voz desconhecida?
- poderia suspender todos pontos de interrogação
(pela sua não existência senão num qualquer sentido que se artificializa) -
( será a palavra de hoje sentido )
esta palavra não é senão um descritor. não se constitui um significado. não neste momento.
como um pretexto. um pre-texto.
num texto como cemitério de sentidos.
ou uma palavra como semente de uma nascente escritura.