Sobre as nuvens, mesmo estas que avassalam o olhar, o céu límpido, azul. Desaparecerão. Desapareceram já daquele firmamento concreto. Em que as nuvens eram peças divinas, por serem trecho do universo. Como estas, as outras se esfumarão. Dissipar-se-ão pela noite. Porque o raiar do sol impera. E não fosse este registo, tão manipulável, tão frágil que pode – quase - ocultar um objecto, nada ficaria, a não ser a memória daquele momento, sob o céu de fim de tarde, de tons mágicos. É por vezes atender a aparências, tão ténues e transitórias. Porquê deter-se naquele pequeno segundo candeeiro que mal se vislumbra. Assim o quis, aqui. Esta é a minha imagem. Só existe aquilo que se sente. O que ilumina este momento, talvez não se veja. Nem o sol. Nem a breve luz que os homens inventaram para que a noite não se enchesse de fantasmas. O que alumia incessantemente é a capacidade de contemplar, o desejo de ser vida, o querer… sempre.
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