quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

raios me partam

duas mãos. na ombreira. dois degraus percorridos. os dedos tocando-se sem olhares. dedos despedindo-se. réstias de corpos. ter de ir. ter de ir. uma lágrima. muitas. solto, arranco a mão ou parte de mim. deixando para trás, trazendo-te, trazendo-me. passos descendo os degraus como se fossem de outra. a mente, o coração algures. uma hesitação ecoa. um choro. os passos continuam descendo um imenso lanço de escadas num eco de saltos altos. um choro por detrás da porta. outra hesitação. acelero sem alterar a cadência dos passos sonoramente firmes, fujo sem fugir, porque tem de ser. tem de ser. a porta do carro. a chave. o pisca. a inversão de marcha. as lágrimas. o eco das lágrimas atrás da porta. o som das lágrimas enchendo o coração dentro do carro. acelero-me, carregando no pedal. fujo de nada. do nada. no rádio, a música, a minha resposta, a resposta à pergunta à soleira da porta, ainda na rua...


mais alto, mais alto. tão alto que ensurdeça os sentimentos. os sentimentos que se projectam na música

What I got to do to make you love me?
What I got to do to make you care?
Nada. Nada.
Nada de nada. (lembras-te?) Nada.
Nada.

senão fazer com que the lightning strikes me

Vem chuva! vem trovoada! vem árvore! cobre-me com os teus braços e ilumina-me...

Nenhum comentário: