quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

As palavras são as mesmas
mas deixei de saber o tempo
para chegar a ti
durante meses e meses
tinha perdido o hábito
as histórias que de noite sonhas
o evidente esplendor que depois
não tomou nenhuma forma

que razão é a deste amor
que tanto se confunde
com o medo

não dizias nada
tinhas de repente uma pressa desesperada
como quem do mundo inteiro
pretendesse apenas
um cigarro
José Tolentino Mendonça, "Apenas um cigarro", in A Noite Abre Meus Olhos
Fotografia de Luca Pierro

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