sábado, 18 de outubro de 2008

Era uma vez...


Não apetece acordar. Pois é um sonho que se vive. Não apetece que acabe quando se sente o final a chegar, ou se pudesse voltaria para ver, sonhar outra vez. Sentir-me criança e saltar para um dorso de um cavalo... qualquer deles, ou aquele de crina longa e branca cobrindo o pesçoco, meio despenteada. Saltar para uma das cordas e voar, entrar no mundo do sonho e ser movimento.
Quando era criança queria um cavalo. Lembro-me de querer muito um cavalo. De querer ser como aquela personagem adolescente que cavalgava pelos prados ingleses, verdejantes, sem controlo, sem rédeas, sem... só ela, eu, e o cavalo. Foi a esse meu sonho que foram buscar "um sonho de liberdade"?! Ou fui eu que voltei a esse meu sonho, por duas horas?! E trouxe-o comigo, guardado, guardado novamente no meu desejo...
Um lugar onde não há homens nem mulheres, mas príncipes e princesas que dançam, que voam, que amam, que transcendem... Um lugar de sons que é música, um lugar de luz que é cristal, um lugar de vida que é magia. Um lugar tão real como o da imaginação e dos contos que ouvimos contar antes de se crescer.
Um lugar onde se sente a fusão com o universo, com os seres belos que ainda o habitam. Onde o belo e o bom são unos na vida.
Era uma vez... um sonho, a que um dia vou voltar.

Imagens tiradas do site de "Cavalia"

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

entre a exposição ou confissão
dos momentos íntimos, aqueles que ninguém escuta porque a que ninguém podemos contar
dos instantes em que tentamos manter a alma inteira com alinhavos
dos caminhos hesitantes que se fazem de ecos quase pressentidos
das matérias humanas, tão só humanas, das nossas grandiosas misérias
entre o mistério sem perguntas
entre o que somos ou julgamos sentir
entre a irrealidade de um mundo imaginário
entre eu

e
tu

um vazio
o verão está a acabar. dizem que já acabou - oficialmente -. o tempo não é o do calendário, e assim posso dizer que
ainda não acabou
ou ainda não começou?
há verão sem abraços?
sem calor? sem...
sem verão?!

"A falta de um abraço é como sentir fome. Muita fome. Fome que já não se sente, que se deixa de sentir porque o organismo habitua-se à carência, à ausência… à indiferença.
..."

algures num setembro, o início de uma escrita - saudade? - reencontro?

e de súbito, vem um abraço. apenas porque sim. sem antes nem depois.
e a fome permanece.

A falta de um abraço é como sentir fome. Tanta que já não se sente. Tanta que já nem se é capaz de comer. Tanta que já nem se deve comer, senão em pequenas, minúsculas doses, imperceptíveis - aos braços humanos que abraçamos com o olhar.
Não comer. Não comer os abraços que são oferecidos. Não comer os abraços que irão partir. Não comer os abraços que poderiam ficar. até empanturrar, sem saciar.

Uma mesa farta à frente. Cheia de cores e formas. Sem sabor, sem tacto. Como um menu: escolho?, não escolho? doces, salgados, macios, líquidos, suculentos...

Está a acabar o verão.
quase... quase...