domingo, 23 de abril de 2006

Apontamentos

Entrando na Livraria Barata, sábado à noite, procurando alguma coisa, nada em concreto, reparo mais uma vez na multiplicidade de edições... Nomes que nada me dizem, que não reconheço, novos nomes, nomes que passarão desconhecidos numa história da literatura, apenas um ou outro ficará... Circulo pelos escaparates, pelas bancadas, vendo as capas, tentando que algo me desperte a atenção... Saio de mãos vazias, decidindo-me pela minha biblioteca... lá, entre tantos livros que ainda não li, haverá decerto um.

De mãos vazias, não... com uma mão cheia... depois um jantar nosso, calmo, com o sorriso do conhecido, e da (re)descoberta.

E no fim de semana fazem-se coisas, que no resto da semana não há ocasião . Ir ao ginásio, voltar, sornar um pouco, ter tempo de olhar para o céu azul sem a urgência do relógio, pôr a roupa a secar num sol que se adivinha permanecer, escrever um pouco, colmatando a necessidade de criar qualquer coisa, mesmo que sem grande imaginação. Pensar naquilo que poderíamos fazer, mas que não chegamos a concretizar...'talvez para o feriado, ou para o próximo fim de semana'...

Acordo cedo... é o hábito. Aproveito o silêncio da casa, quase a solidão... vocês dormem... tu, os gatitos... a rua também... é domingo de manhã... o sol hoje vai imperar, sinto. Aproveitar o dia... hoje de uma forma, amanhã, de outra. Gosto de ir trabalhar. Fazer aquela caminhada matinal, com uma pressa controlada. Depois aguardar tranquilamente, numa caruagem de comboio, até ver o Tejo, diferente em cada dia, na sua majestática indiferença. O seu brilho, os seus tons. Saio, e uma outra caminhada, em tom de passeio, pelas ruas ainda semi-desérticas, ouvindo os passos, aqui e ali um automóvel. Eu e os meus vagos pensamentos. É tempo de sentir aquele prazer, antes de me embrenhar no trabalho. Aí só ouço os outros, o 'dever'. E, no fim do dia, às vezes, venho leve... outras, pesada... tentando desligar das coisas negativas. Mas continuo sorrindo, não são assim tão 'beras', e se forem, sei que tenho força. Agora sei-o.

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