Antes de entrar no automóvel resolveu tomar um café. Lá dentro sentiu o ambiente quente do pão a cozer. Um breve odor adocicado dos bolos. Lá fora, os primeiros frios do fim do Outono. Recordou-se dos dias de Natal passado quando entrava nesse mesmo sitio, quente, vazio, de cheiro acolhedor. Sentou-se a beber o líquido fumegante, com o olhar vagueando. Um pardalito, debicando o chão, foi entrando. Estacou em cima do tapete, largo, do lado de dentro do estabelecimento. Saltitou, debicando, como todos os pardais. Migalhas esquecidas, perdidas, caídas dos embrulhos de papel que envolvem o pão. Um pardal no chão de um café. Lembrando-lhe que mesmo quase no inverno, o sol pode brilhar no céu azul. E o pássaro indiferente saiu, debicando, no rasto de um sorriso.
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