Os minutos passam. Por vezes pára o ponteiro num determinado ponto do mostrador. Avança como avançam as horas, lentamente. Aqui e ali, uma mão, uma conversa fazem esquecer o relógio. Um sorriso, um abraço - sim, o teu - conseguem evolar-nos, dali. E desaparece a tensão, a preocupação diminui, por instantes. No teu enleio carinhoso, encontro um pouco a tranquilidade. Num olhar cúmplice. Companheiro. O corredor, os corredores, nem são tão impessoais assim. Nota-se gente. Gente que não é indiferente. Por breve olhar de compaixão. Por uma palavra, que até nem precisava de ser dita, mas ao ser pronunciada, torna diferente o invólucro, transforma em humano o que era só pele. Rodeada de dor silenciosa, de sofrimento evidente, apenas acalentado por esses gestos, por palavras pequenas, esquecemo-nos de nós. O que importa é o outro. Que está em risco. Cuja vida oscila num estreita linha. Para cá. Para lá. Nem se sabe de onde. Ou para onde. A mãe de alguém que espera. Ou o pai, irmão, irmã, mulher, homem, filho. Filho é condição universal de todos nós. Saímos sempre de alguém. De alguém por quem esperamos agora. Que sobreviva, para que, de certa forma, sobrevivamos também. Para que não morramos um pouco. Para que o nosso passado, a nossa infância não fique mais longe. Para que não fiquemos órfãos das nossas vivências. Os passos acompanham o ponteiro dos segundos. Param quando paramos. Avançam connosco. Apenas porque se sente amor.
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