sexta-feira, 30 de novembro de 2007

eco do silêncio

entro
dentro do silêncio

como uma câmpanula
como um ovo

(já escutaram os ecos do silêncio?)

como um refúgio

como braços abertos
fechados em torno de mim

o silêncio
dentro de mim

este silêncio não é ausência
do que vem do exterior

pois se ouço

as ondas baterem levemente no cais
o ancinho varrendo folhas amarelas de outono
o comboio rolando nos carris
o pousar de gaivota na amurada
o esvoaçar das penas de um gaio azul
as vozes de homens que passam
o breve assobio de ave despercebida

este não é o silêncio da terra
que se move e agita
abafada pelo ronco de um automóvel

este é o silêncio do mundo
do mundo onde já só falo
com o eco deste silêncio

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