entro
dentro do silêncio
como uma câmpanula
como um ovo
(já escutaram os ecos do silêncio?)
como um refúgio
como braços abertos
fechados em torno de mim
o silêncio
dentro de mim
este silêncio não é ausência
do que vem do exterior
pois se ouço
as ondas baterem levemente no cais
o ancinho varrendo folhas amarelas de outono
o comboio rolando nos carris
o pousar de gaivota na amurada
o esvoaçar das penas de um gaio azul
as vozes de homens que passam
o breve assobio de ave despercebida
este não é o silêncio da terra
que se move e agita
abafada pelo ronco de um automóvel
este é o silêncio do mundo
do mundo onde já só falo
com o eco deste silêncio
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