neste início de ano, a meio da semana, por antigos reinos mouriscos.
Fazer de turista no nosso próprio país, passeando tranquilamente por ruas e ruelas de antigas cidades, descobrindo outros horizontes, desmoendo o stress do quotidiano.
Tempo para ter tempo para nós. E caminhar de mãos dadas. (Às vezes, parece-me que não há nada melhor do que andar de mãos dadas...)
Subir pelas pedras das escadas do castelo e, lá em cima, sorrir. E contemplar o que está para lá dos telhados
E, no alto de uma torre, um relógio. Sem a demanda das horas.
Olharmos para a mesma imagem, ao mesmo tempo, competir pela máquina fotográfica...
"- Esta é minha..."
"- Agora sou eu..."
E continuando o caminho pelas vielas, uma igreja... estranha, com um interior de traços mouriscos, mais uns quantos 'estilos' mais ou menos indeterminados ou misturados.
Tinha começado a chuviscar. Estava frio. Pensamos entrar, para nos abrigar, para a visitar..
Nos jardins do templo jesuíta, um sem-abrigo tentava comodar-se num refúgio de papelão.
O nosso sorriso entristeceu. O sentimento foi partilhado, em silêncio. Engolindo a nossa alegria. Entrámos na igreja. Lá dentro, um grande presépio. Da simplicidade da intenção a um certo kistch decorativo.
Saímos, um pouco desagradados. Ainda incomodados.
Cá fora, sob os pingos que ainda caem, com as mãos frias, tiras umas moedas, aproximas-te do homem deitado sob, sobre cartões de papelão, e dizes, como que pedindo:
"- Faz favor."
Depois, face à imobilidade, um pouco mais alto...
"- Para comer qualquer coisa..."
A morada de papelão move-se... "-Obrigado"
E silenciosos, atravessamos a rua, de mãos dadas.
Mais tarde, vemos o rosto daquele homem.
Como uma nuvem.
Com a fugacidade liberta da injustiça.
Com a perenidade da beleza.
Na nossa inquietação apaziguada, agarramos o último raio de sol, daquele dia. do nosso Dia. Abraçamo-nos na luz.
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