Há alturas na vida em que se fazem escolhas. Escolhas de percursos de vida, novos. Atiramo-nos para o 'abismo' porque intuímos que este será sempre mais positivo do que a terra em que nos movemos. Terra que pode ter o aspecto de sólida como a rocha, mas também o seu sentir é gelado, ou então pode encobrir terras movediças que nos vão engolindo a pouco e pouco.
Então lançamo-nos no abismo, num abismo que nos faz primeiramente, sentir que afinal tínhamos asas, muito mais asas do que julgávamos. Deixamos em terra todas as amarras de que nos sentimos prisioneiros, e a força que nos impulsiona é enorme porque vital. Porque sentimos o dilema: ou sufocamos até à morte, ou respiramos até…
Este aprender de uma nova respiração se a principio é instintivo, depois, aos poucos, tem de ser reaprendido… como alguém que começou a dar os primeiros passos e depois repara que está a andar, e é então que, nessa percepção, nessa consciencialização, se vê e, se pergunta, afinal como se anda.
Neste novo andar, depois da euforia, a procura de um caminho. Sentido como longo porque vivido intensamente – esperando nunca mais o sentir longo, pela vacuidade. A consciência de se caminhar pelos próprios pés, definindo os trajectos na medida das possibilidades, dos encontros e desencontros. Rumos que se descerram, para logo serem quebrados. O sentimento de sermos pequenas peças de puzzle de um micro-cosmos social que os outros vão ou não tentando encaixar nas suas vidas, nos seus interesses estabelecidos. No fundo, marionetas com alma, que não podem desistir, mas que não se podem abandonar completamente aos fios de um qualquer comando. E nem sempre é fácil ao perguntarem-se a si próprias, com a alma dorida: haverá o meu 'lugar'?
Há que continuar, sem quebrar, mas sem ceder… porque Vale a pena acreditar…
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